domingo, 31 de outubro de 2010

Elite brasileira: ruim?


O Presidente Lula, em mais um de seus disparates em palanques públicos, declarou que o que de ruim acontece no Brasil é culpa das elites. Será que ele sabe o que é elite? Temos, em primeiro lugar, definir o que é elite. Os bons dicionários definem elite como: o que há de melhor em uma sociedade ou num grupo; nata, flor, fina flor, escol.(Aurélio).


Na sociedade brasileira, em que a maioria dos que vão a escola não termina o 1º grau, podemos considerar – apenas para encaminhar o raciocínio – que todos aqueles que têm grau universitário são, de fato, a elite do país. Médicos, Engenheiros, Advogados, Professores etc. constituem, pois, no Brasil, por exclusão, a elite brasileira. E será que todo este conjunto é perverso, antipatriota, enfim, ruim?

Se olharmos o desenvolvimento brasileiro, desde a independência, veremos que o comportamento da elite brasileira não foi tão ruim assim. Após a independência, quem manteve as instituições e colocou nos trilhos esta nação - ainda desorientada sobre seu destino - escrevendo suas leis, debatendo sua primeira Constituição, senão o pequeno grupo de gigantes que era a elite brasileira de então?

O que seria do Brasil se não fossem os Andradas, Visconde do Uruguai, Bernardo Pereira de Vasconcelos, Olinda, Feijó, Visconde do Rio Branco e tantos outros que seguraram as rédeas do governo e o levaram para o caminho certo?Esta elite construiu o ordenamento jurídico do Brasil, pôs em funcionamento o Parlamento que, com as limitações da época, trouxe progresso ao Brasil não só na expansão de sua cultura - no sentido lato do termo - como no assentamento de sua infraestrutura como a navegação, ferrovias (Mauá) e portos.

Na República, as elites continuaram sempre presentes. De 1930 a 1980, o Brasil foi dos países que mais cresceram no mundo e este crescimento não foi por acaso. Quem foi o responsável por este crescimento? Por acaso o Estado? Não. Foram as elites as responsáveis pelos caminhos modernizantes que o Brasil percorreu.

Edmundo de Macedo Soares, criador e instalador da siderurgia (Volta Redonda); Roberto Simonsen, com suas idéias modernizadoras na indústria; Henrique Lage na navegação; Luis Villares, na mecânica pesada; Roberto Marinho nas comunicações, são alguns exemplos de homens de elite que, seguramente, não são exemplos de “ruindade”.

O ponto crucial em que muitos se baseiam para inculpar nossas elites, é a grande desigualdade social existente no Brasil. É verdade que isto existe. Mas, serão as elites culpadas? Esta grande diferença social resulta, basicamente, da pouca educação das classes menos favorecidas. É fartamente demonstrado que só a educação, a melhora dos conhecimentos culturais, é que terminará este fosso entre as classes mais favorecidas e as menos favorecidas.

A ponte que todos devem construir para eliminar isto, chama-se EDUCAÇÃO. E, num país moderno, quem é responsável em propiciar este fator importante? O Estado. Ele, e só ele poderá, através de recursos corretamente aplicados, acabar com esta chaga brasileira. E não se encontrará, na nossa chamada elite, quem não queira acabar com esta desigualdade.

E nem seria possível, pois trabalhariam contra si mesmos, contra suas organizações que, neste mundo globalizado, têm como matriz de seu sucesso a capacidade cultural e profissional de cada cidadão.

Vê-se, pois, que a tese de que a elite brasileira é ruim e culpada de tudo, carece de fundamentos e de bases sólidas. Mas, evidentemente, o Sr. Lula da Silva não entende nada disto. Seus discursos lembram-me Sir Francis Bacon, estadista inglês: "Nada há mais prejudicial a uma nação quando os espertos se considerarem sábios”.

José Celso de Macedo Soares, em 17/08/2010.

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