terça-feira, 10 de maio de 2011

O Monarquismo no Brasil




por: Monteiro lobato

“O juiz era honesto, se não por injunções da própria consciência, pela presença da Honestidade no trono. 

O político visava o bem público, se não por determinismo de virtudes pessoais, pela influencia catalítica da virtude imperial. 

As minorias respiravam, a oposição possibilitava-se: o chefe permanente das oposições estava no trono. 

A justiça era um fato: havia no trono um juiz supremo e incorruptível. 

O peculatário  de  fraudador o político negocista, o juiz venal, o soldado covarde, o funcionário relapso, o mal cidadão enfim, e mau por força de pendores congeniais, passava, muitas vezes, a vida inteira sem incidir num só deslize. 

A natureza o propelia ao crime, ao abuso, à extorsão, à violência, à iniqüidade – mas sofreava as rédeas aos maus instintos a simples presença da Equidade e da Justiça no trono.


Ignorávamos isso na monarquia.


Foi preciso que viesse a republica, e que alijasse do trono a Força Catalítica para patentear-se bem claro o curioso fenômeno.


A mesma gente, o mesmo juiz, o mesmo político, o mesmo soldado, o mesmo funcionário até 15 de novembro honesto, bem intencionado, bravo e cumpridor dos deveres, percebendo, na ausência do imperial freio, ordem de soltura, desaçamaram a alcatéia dos maus instintos mantidos em quarentena. 

Daí, o contraste dia a dia mais frisante entre a vida nacional sob Pedro II e a vida nacional sob qualquer das boas intenções quadrienais que se revezam na curul republicana.
Pedro II era a luz do baile.

Muita harmonia, respeito ás damas, polidez de maneiras, jóias d’arte sobre os consolos, dando o conjunto uma impressão genérica de apuradíssima cultura social  (.…) ”

fonte: Orkut

Nenhum comentário:

Postar um comentário