"Nós, os monarcas, somos incontestavelmente constantes em um mundo em constante transformação. Pelo motivo de termos estado sempre aqui, mas também por não nos envolvermos na política cotidiana. Estamos informados das mudanças políticas que acontecem em nossas sociedades, mas não fazemos comentários sobre isso. É nisso que assumimos uma posição única. Nenhum dos outros monarcas europeus interfere na política."

Margarethe II, Rainha da Dinamarca

segunda-feira, 1 de junho de 2009

União Dinástica - pra que?


Duques de Cambridge

Sangue azul europeu se dilui no vermelho plebeu.

Agora que a política está, constitucionalmente, separada dos palácios, o amor pode triunfar perante o dever. Por toda Europa, as conversas na mesa de jantar dos palácios soam diferentes. Os movimentos não são tão calmos e elegantes. 

Você pode até ouvir um dedilhado australiano ou um ritmo latino-americano. E as conversações podem ser sobre assuntos comuns populares.

O sangue azul das famílias reais da Europa está cada vez mais se diluindo na comum variedade do vermelho. Algo impensável antes da reviravolta social após as guerras mundiais, é hoje cada vez mais freqüente: membros reais estão se casando com plebeus - e somente no mês de maio, foram dois matrimônios deste tipo. É um sinal de mudança dos tempos na crosta da moderna sociedade.

Nos dias em que reis não apenas reinavam, mas comandavam, os palácios arranjavam os casamentos das crianças para selar alianças políticas, ou para manter o sangue da família na nobreza. Satisfações domésticas eram resolvidas através da instituição não-oficial: os amantes oficiais.


Frederik da Dinamarca e família 

Dinamarca e Espanha são os últimos reinos a presenciar casamentos de seus príncipes - futuros reis da monarquia - com plebéias. No dia 14 de maio, o príncipe dinamarquês Frederik, descendente da mais antiga casa real da Europa, casou-se com Mary Donaldson, uma mulher de negócios australiana. Oito dias depois, em Madri, foi a vez do príncipe Felipe, da Casa Real de Bourbon, esposar Lerizia Ortiz, antiga âncora de TV.


Eles se juntam à lista de príncipes - contando o norueguês e o holandês - que abriram mão da procura por parceiras na aristocracia e encontraram suas noivas no meio do povo, casando-se sem precisar renunciar ao seu direito ao trono.


"Eu não posso dizer se esses casamentos vão funcionar. Mas eles são, impressionantemente, diferentes de qualquer coisa que tenha acontecido no passado", disse Harold Brooks-Baker, diretor de publicação em Londres do Burke's Peerage, uma das bíblias da linhagem aristocrática.


Na opinião de Brooks-Baker, algumas escolhas das noivas foram "estranhas". "A maioria dessas pessoas não pertence à classe aristocrática, ou mesmo a famílias da classe média alta. Algumas possuem um passado obscuro e, às vezes, controverso", disse.


Os aristocratas podem torcer o nariz para essa nova realeza, mas as jovens mulheres caíram na simpatia do povo, e, em alguns casos, abriram as janelas de asfixiantes velhos palácios.


A princesa Maxima da Holanda, antiga Maxima Zorreguieta da Argentina - bonita, vivaz e inteligente - estimulou o entusiasmo do povo pela Casa de Orange desde seu casamento em 2002 com Willem-Alexander, superando o ceticismo inicial.


A ex-investidora bancária internacional conquistou os corações holandeses ao se distanciar do seu pai, Jorge Zorreguieta, que serviu no Gabinete Argentino durante a "guerra suja", quando o regime militar matou ou seqüestrou milhares de dissidentes suspeitos. Apesar de ninguém tê-lo acusado de ter tomado parte dos abusos, o governo holandês enviou seu ministro das Relações Exteriores à Argentina, para informá-lo que não seria bem-vindo ao casamento.


Já a futura rainha da Noruega, antiga Mette-Marit Tjessem Hoiby, já era uma mãe solteira quando se casou com o príncipe Haakon, há dois anos. O pai de seu filho já havia sido condenado por envolvimento com drogas, e a princesa Mette-Marit fez uma chorosa desculpa à nação por seu comportamento impróprio durante a juventude.



Rei Felipe VI em seu juramento a Constituição

A noiva do príncipe espanhol Felipe é divorciada, num país católico-romano onde o divórcio era ilegal até 1981. A mãe dela é uma enfermeira e também divorciada.


"Quase todas as monarquias estão sofrendo do mesmo problema - a chegada de novas pessoas da burguesia. Em muitos casos, elas contribuem para modernizar um sistema medieval. Mas, em outros, trazem vulgaridade", diz Jaime Penafiel, o mais antigo dos observadores reais de Madri.


No Reino Unido, o príncipe Charles chegou perto de uma união fora de sua linhagem ao se casar com Diana Spencer, filha de um conde, descendente de reis, e sua prima em 16º grau. A irmã de Charles, Anne, casou-se com um plebeu, assim como os seus dois irmãos, Andrew e Edward. Apenas o casamento de cinco anos de Edward sobrevive.


Casamentos fora da nobreza costumavam ser raros. Entre as primeiras quebras de modelo esteve a do príncipe Rainier III de Mônaco, ao casar-se com a atriz hollywoodiana e vencedora do Oscar Grace Kelly, em 1956. Ela morreu em um acidente de carro em 1982 após uma infeliz vida como a Princesa Grace.


O rei norueguês Harald esperou nove anos pela permissão de se pai, o rei Olav, para casar-se com sua namorada de colégio Sonja, resistindo às súplicas do velho rei de que uma noiva aristocrata iria assegurar a jovem monarquia, que passou a existir apenas em 1905.


Algumas famílias ainda sustentam os rígidos padrões. O príncipe Johan Friso, irmão mais novo de Willem Alexander, foi retirado pelo governo de sua posição na linhagem pela coroa holandesa porque ele e sua noiva, Mabel Wisse Smit, mentiram ao primeiro-ministro sobre um relacionamento que ela teve há 12 anos com um conhecido gangster. Os dois se casaram no mês passado.


Um romance com um príncipe pode ser um sonho para qualquer jovem garota. Mas, como em todo bom conto de fadas, é carregado de perigos - de câmeras de TV registrando cada passa errado em público à corrida nas vendas de tablóides em todo o mundo.


Para uma profissional feminina que entra na linha da nobreza, "a vida pode ser difícil, trágica e traumática", diz Cor de Horde, editor da revista holandesa Vorsten (monarquia, em português).


Uma princesa é treinada durante toda sua vida para as exigências de sua posição de tornar-se soberana. As plebéias não têm nenhuma preparação. As constantes atenções do público podem prejudicar qualquer casamento, de acordo com De Horde. "Elas precisam abrir mão de sua identidade, de sua vida própria".


Antes, as crianças reais eram ensinadas dentro dos castelos, mas hoje elas freqüentam escolas junto a estudantes comuns, viajam o mundo, e, não surpreendentemente, encontram companhias fora do seu círculo. Frederik conheceu sua mulher australiana em um bar de Sydney. Felipe e Ortiz se encontraram em um jantar. Haakon e Hoiby se apaixonaram em um concerto de rock.


De Horde acredita que, apesar dos casamentos misturados trazerem novos sangues para as famílias nobres, "a ameaça mais grave vem de dentro. É a ânsia do rei ou da rainha de se aproximar do povo. Mas eles precisam manter uma distância". "Um monarca tem que ter em mente sua real função: ser o responsável pelo Estado".


Mais de 20 monarquias européias desapareceram no século XX, restando apenas nove, de acordo com Brooks-Baker.

01/06/09

9 comentários:

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  2. Sr. Administrador. Gostei muito deste site, por apresentar a Monarquia como uma proposta realmente eficaz para o atual Brasil; por mostrar suas inúmeras vantagens frente a atual república brasileira. Entretanto a postagem "União Dinástica - pra que?" traz elementos puramente racistas, que associam, implicitamente, a Monarquia
    à idéia de pureza racial.Fato que prejudica em muito imagem da monarquia e deste site.Peço que no futuro,aqui não tenha espaço postagens como esta.

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  3. Essa postagem foi para levantar um discursão em nós monarquistas...

    Se é necessario essa união,lembrando que o Chefe da Casa Imperial é afavor.

    - obrigado pelo comentário ficarei atento a sua Obs!!!

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  4. O senhor tem a pela certeza que uma monarquia no Brasil seria possivel ?E quais seriam as vatagens, indo de entro com a atual repiblica ?

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  5. Hoje o Brasil é uma tripulação á deriva, o PARALAMENTARISMO MONARQUICO faria não só a classe politica mas também a nós ter a consiência que a nação prescisa de RUMO e METAS.

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  6. Primeiro de tudo !!!achei um pouco ridiculo "sangue azul",lembremos que o Brasil se libertou de uma monarquia que escraviçavam pessoas !!!!se o país esta como esta com a republica ,imagina com a monarquia que antes nunca visou o futuro bom para os mais pobres,subindo sempre atraves do suor e sangue dos indios e negros,nada contra a monarquia atual pois eu nem os conheço.
    O Brasil só precisa de mudança não só nos politicos e sim também no povo que ainda acha que votar é pura brincadeira e perda de tempo ,esquecendo que existe pessoas que querem a diferença ,pessoas serias também no planalto.
    O brasil não precisa regredi para ter mudanças satisfatorias.muito obrigada

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  7. Monarquia não é regressão... durante a monarquia brasileira a Família Imperial era contra a escravidão a queda desta foi a causa da queda da monarquia.

    A Sociedade brasileira precisa de uma politica de EDUCAÇÃO eficaz continua para os próximos 30 anos coisa que na atual republica não acontecera, pôs basta um presidente sair e tudo muda.

    Um Presidente pensa na próxima Eleição um Imperador pensa na próxima Geração....

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  8. Caro autor deste artigo. A monarquia parlamentarista é muito importante porque diversas razões que o senhor bem sabe. No entanto, creio pessoalmente que a monarquia não pode ser uma instituição que prevaleça o sangue que o senhor diz ser azul. Biologicamente isto é errado porque todos; imperadores, reis, rainhas, príncipes e princesas assim como a nobreza e os plebeus todos tem sangue vermelho. A ideia de azul surgiu por parte da realeza no final da Idade Média no alvorecer da Idade Moderna quando a burguesia em ascensão estava aproximando - se dos mais poderosos. Casamentos foram feitos com o intuito de transformar burgueses em membros das realeza. Os Médici donde descendem reis como de França (filho de Catarina de Médici) vieram da burguesia. Portanto, este negócio de pensar que alguém por ser plebeu é inferior a outro é anti - cristão e ruim para a monarquia. Dom João VI casou - se com a Infanta de Espanha Dona Cartola Joaquina de Bourbon e Parma porque naquela época os casamentos eram feitos, arranjados em nome do bem do Estado por tratados, etc. O mesmo com Dom Pedro I que casou - se com a Arquiduquesa de Áustria D. Leopoldina de Habsburgo que vinha da família imperial mais importante do mundo do século XIX. Depois ele quis casar - se com a Marquesa de Santos seu grande amor, mas como ela vinha de família comum e era sua amante, preferiu - se que ele se casasse com alguém de origem melhor, foi difícil achar uma princesa de boa família, mais conseguiram. Ele casou - se com Dona Amélia de Beuharnais que vinha da nobreza por causa de Bonaparte o Imperador da França. Hoje em dia, isto mudou e muito. Quando His Royal Highness (Sua Alteza Real) o Príncipe Wiliam casou - se com Kate Middlleton ficou evidente que a lógica pertinente a casamentos reais é o amor e a harmonia no casamento, e não o conto de fadas idílico que foi quando Charles o Príncipe de Gales (Walles in english) com Diana que descendia de reis e de um conde não deu certo. Hoje em dia o princípio dos casamentos reais deve ser um só - o amor, a harmonia entre o casal, bem como a aprovação do casamento por parte do monarca e do parlamento. Estamos no século XXI e não no século XVIII. Mude de opinião porque esta sua ideia é ruim para a nossa causa monárquica. A monarquia parlamentarista que eu como simples cidadão brasileiro com minhas origens nobres (descendo de reis de Castela) deve ser progressista. Em síntese - tradição e progresso , assim deve ser a monarquia.

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  9. Lembre-se que o Chefe da Casa Imperial é afavor dela...

    D.Luiz acredita que em um País republicano longe da Europa é importante que seus principes mantenham sua educação no que diz respeito a seus deveres reais, isso acredita ele que apenas um casau de principes possam dá.

    Lembre-se que a Grãn-Bretanha é uma Monarquia milenar, e todas as intituições da Nação reconhece os principes.

    Diferentemente no Brasil nossos principes são desacreditados e subjugados pela Classe Política.

    Eu acredito que esta união aqui no Brasil, pelo menos durante a república trás credibilidade a Familia Imperial, já com a monarquia restaurada não acho mais necessário.

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