"Nós, os monarcas, somos incontestavelmente constantes em um mundo em constante transformação. Pelo motivo de termos estado sempre aqui, mas também por não nos envolvermos na política cotidiana. Estamos informados das mudanças políticas que acontecem em nossas sociedades, mas não fazemos comentários sobre isso. É nisso que assumimos uma posição única. Nenhum dos outros monarcas europeus interfere na política."

Margarethe II, Rainha da Dinamarca

sábado, 26 de novembro de 2011

O 15 de Novembro Nada a Comemorar


O amanhecer de 15 de Novembro de 1889 encontrou o Rio de Janeiro e o Império sendo regidos por um monarca  constitucional,  com  um gabinete parlamentarista, e um país consolidado e independente, tendo terminado com a escravatura, sem sangue, e com  a primeira mulher a exercer a chefia de estado, na ausência do titular, tendo na última vez que exerceu a regência, assinado a Lei Áurea. Foi a única nos séculos 19 e 20 no Brasil.


No fim da manhã, o Gabinete Ouro Preto já estava deposto pelo golpe, quando Floriano Peixoto, ajudante do Ministério da Guerra, se negou a intervir diante da meia dúzia de revoltosos, o que resultou na queda do gabinete em virtude da crise militar. Na oportunidade o país tinha  três partidos políticos, a saber: Conservador, Liberal e Republicano, este em inexpressiva posição.


Os governos eram civilistas e, nos vários Gabinetes que se sucederam, muitas vezes os Ministros da Marinha e de Guerra foram civis. Existia plena liberdade de  imprensa, que inclusive faziam charges do Imperador. O país estava pacificado, com as fronteiras consolidadas, recebendo enorme imigração européia, que veio para substituir os escravos e criar a pequena propriedade rural, principalmente no sul do país. 


À tarde, deposto o governo, e o Imperador já preso no Rio, pois tinha vindo para arbitrar a queda do Gabinete Ouro Preto por outro que não chegou a ser formado, pois o Conselheiro Silveira Martins, ao chegar no Rio, foi preso. Logo a Família Imperial já seguia para o exílio. A tudo isso o povo assistiu sem entender nada. À tarde, sem governo, pois Deodoro após depor o governo, se retirou para casa, achacado por problema respiratório, José do Patrocínio, sim, aquele que beijou as mãos da Princesa Isabel no 13 de maio, por influência de Benjamim Constant, proclamou a República, em sacada de  jornal, tendo os  conspiradores pressa em embarcar a Família Imperial pela madrugada, com medo de que o povo impedisse o exílio da Família. 


122 anos se passaram e o que temos em pleno século 21 no Brasil? Roubalheira disseminada, Presidencialismo, com uma ditadura de 4 anos, renovável por mais 4 anos, sem que os 
governos caiam antes do tempo, sociedade com péssima distribuição de renda. 


No primeiro governo de uma mulher na República, em 10 meses, 6 ministros caíram, sendo que 5 foram por conivência com a corrupção; 29 partidos políticos sem ideologia definida, exatamente por participar do botim, mexicanização da política, caudilhismo, roubalheira generalizada, anarquia política, ameaças à liberdade de imprensa, reforma eleitoral fajuta, sendo apelidada de política para enganar os incautos etc, etc.


Valeu a pena? 

Aldo B. Campagnola

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