O amanhecer de 15 de Novembro de 1889 encontrou o Rio de Janeiro e o Império sendo regidos por um monarca constitucional, com um gabinete parlamentarista, e um país consolidado e independente, tendo terminado com a escravatura, sem sangue, e com a primeira mulher a exercer a chefia de estado, na ausência do titular, tendo na última vez que exerceu a regência, assinado a Lei Áurea. Foi a única nos séculos 19 e 20 no Brasil.
No fim da manhã, o Gabinete Ouro Preto já estava deposto pelo golpe, quando Floriano Peixoto, ajudante do Ministério da Guerra, se negou a intervir diante da meia dúzia de revoltosos, o que resultou na queda do gabinete em virtude da crise militar. Na oportunidade o país tinha três partidos políticos, a saber: Conservador, Liberal e Republicano, este em inexpressiva posição.
Os governos eram civilistas e, nos vários Gabinetes que se sucederam, muitas vezes os Ministros da Marinha e de Guerra foram civis. Existia plena liberdade de imprensa, que inclusive faziam charges do Imperador. O país estava pacificado, com as fronteiras consolidadas, recebendo enorme imigração européia, que veio para substituir os escravos e criar a pequena propriedade rural, principalmente no sul do país.
À tarde, deposto o governo, e o Imperador já preso no Rio, pois tinha vindo para arbitrar a queda do Gabinete Ouro Preto por outro que não chegou a ser formado, pois o Conselheiro Silveira Martins, ao chegar no Rio, foi preso. Logo a Família Imperial já seguia para o exílio. A tudo isso o povo assistiu sem entender nada. À tarde, sem governo, pois Deodoro após depor o governo, se retirou para casa, achacado por problema respiratório, José do Patrocínio, sim, aquele que beijou as mãos da Princesa Isabel no 13 de maio, por influência de Benjamim Constant, proclamou a República, em sacada de jornal, tendo os conspiradores pressa em embarcar a Família Imperial pela madrugada, com medo de que o povo impedisse o exílio da Família.
122 anos se passaram e o que temos em pleno século 21 no Brasil? Roubalheira disseminada, Presidencialismo, com uma ditadura de 4 anos, renovável por mais 4 anos, sem que os
governos caiam antes do tempo, sociedade com péssima distribuição de renda.
No primeiro governo de uma mulher na República, em 10 meses, 6 ministros caíram, sendo que 5 foram por conivência com a corrupção; 29 partidos políticos sem ideologia definida, exatamente por participar do botim, mexicanização da política, caudilhismo, roubalheira generalizada, anarquia política, ameaças à liberdade de imprensa, reforma eleitoral fajuta, sendo apelidada de política para enganar os incautos etc, etc.
Valeu a pena?
Aldo B. Campagnola
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