Decano da Câmara vê Temer atemorizado: “É um presidente refém”
Para Miro Teixeira, Temer está com medo "do passado e do presente dele"
O deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), decano da Câmara, rebateu as declarações do presidente Michel Temer (MDB) e de integrantes do governo sobre a insistência na nomeação da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) ao Ministério do Trabalho. Para o parlamentar, Temer é “refém da própria história” e está “acuado”.
“É um presidente refém dos próprios atos, refém da própria história, atemorizado, acuado. Eu acho que ele está com medo do passado e do presente dele”, ressaltou o deputado ao Congresso em Foco.
Nesta segunda-feira (5), mesmo após as recentes acusações contra a petebista, o ministro Carlos Marun, responsável pela articulação política do Palácio do Planalto, afirmou que o governo não recuará e nem pedirá ao PTB de Roberto Jefferson, pai da deputada, que faça uma nova indicação.
Marun diz que governo não desiste de Cristiane: “Não vamos pedir outra indicação”
“É tudo muito estranho. Você tem lá no gabinete do governo pessoas que lá não deveriam estar. Então para o Michel Temer dizer que vai retirar a nomeação da Cristiane é muito difícil”, ressaltou Miro Teixeira, integrante da ala oposicionista do governo.
“Eu hoje vi uma declaração do Michel dizendo que não vai retirá-la [Cristiane Brasil] por causa de uma gravação. Ele não pode dizer diferente. Senão ele teria que sair por causa de uma gravação”, acusou o congressista, relembrando a gravação do empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, no Palácio do Jaburu, na qual o presidente ressalta que o empresário tem que manter o pagamento de mesada ao ex-deputado cassado Eduardo Cunha (MDB-RJ) em troca de seu silêncio.
Para o líder do Psol, deputado Glauber Braga (RJ), as recentes acusações e manifestações da filha de Roberto Jefferson revelam que a deputada atuará contra os trabalhadores à frente da pasta. “Do ponto de vista político, é absurda essa insistência para que o ministério seja ocupado, porque já demonstrou que vai ter como ação prioritária tirar direitos dos trabalhadores com o histórico [de Cristiane Brasil] que já dá esse tipo de demonstração. É o absurdo político em meio a tantos outros absurdos que estão sendo tocados pelo governo Temer”, criticou.
Na praia, cercada de amigos sem camisa, Cristiane Brasil “jura” inocência em condenação trabalhista
Cristiane Brasil foi impedida pela Justiça de tomar posse no ministério após um grupo de advogados trabalhistas ingressar com uma ação contra sua nomeação. A deputada foi condenada a pagar uma dívida trabalhista de R$ 60,4 mil a um motorista que prestava serviços para ela e para sua família. Ela também é alvo de duas recentes acusações: a de que pagou a traficantes para fazer campanha em área dominada pelo tráfico e a de que coagiu funcionários a levantarem votos para sua eleição à Câmara.
Na sexta-feira (2), um inquérito que investiga a parlamentar foi remetido à Procuradoria-Geral da República (PGR). De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, que teve acesso ao inquérito policial, Cristiane, seu ex-cunhado, o deputado estadual Marcus Vinicius (PTB) e três assessores dela na época também são investigados por supostamente dar dinheiro a traficantes para que pudessem fazer campanha com “direito exclusivo” no bairro de Cavalcanti, na zona norte do Rio. Há quase oito anos, o inquérito estava na Delegacia de Combate às Drogas do Rio.
Nesse domingo (4), áudio divulgado pelo Fantástico mostra a cobrança feita pela deputada, nomeada ministra do Trabalho, em uma reunião com cerca de 50 pessoas feita na própria sede da secretaria. “Se eu perder a eleição de deputada federal… Eu preciso de setenta mil votos. Eu fiz quase trinta (mil votos, em 2012, quando foi eleita vereadora no Rio). Agora são setenta mil. No dia seguinte, eu perco a secretaria (se não for eleita deputada). No outro dia, vocês perdem o emprego”, disse Cristiane.
Durante o recesso do Judiciário, a ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar suspendendo a posse autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) ainda com base apenas na condenação da parlamentar na Justiça do Trabalho.
O governo e a deputada aguardam uma decisão da Corte sobre o caso.
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