"Nós, os monarcas, somos incontestavelmente constantes em um mundo em constante transformação. Pelo motivo de termos estado sempre aqui, mas também por não nos envolvermos na política cotidiana. Estamos informados das mudanças políticas que acontecem em nossas sociedades, mas não fazemos comentários sobre isso. É nisso que assumimos uma posição única. Nenhum dos outros monarcas europeus interfere na política."

Margarethe II, Rainha da Dinamarca

sábado, 12 de junho de 2010

As Floresta e as árvores

por: Carlos Chagas


As campanhas presidenciais só vão esquentar depois de encerrada a copa do mundo de futebol. Registre-se que até agora os candidatos tem desenvolvido, no máximo, considerações sobre esta ou aquela qualidade de árvore. Nem Serra, nem Dilma, nem Marina, muito menos os demais, empenham-se em analisar a floresta. Traduzindo: nenhum deles apresentou o que pretendem para a nação, o estado ou o governo. Falam dos juros, das hidrelétricas, do bolsa-família, da agro-indústria e do meio ambiente, mas nada de concepções fundamentais para o Brasil como um todo.


Dá saudade dos tempos em que Juscelino Kubitschek disputou e ganhou a presidência da República. Sua campanha revelava mais do que um programa administrativo. Privilegiava a concepção de futuro, com linhas-base a seguir no rumo do desenvolvimento integrado através de energia, transporte e alimentação. A industrialização estava no cerne de sua mensagem, à qual acrescentou a marcha para o Oeste por meio da construção de Brasília. Até em termos de política externa, deixava entrever o que seria a Operação Pan-americana.


Em suma, estão os candidatos devendo sua visão da floresta. Deixarão frustrados os eleitores se ficarem apenas anunciando coqueiros e bananeiras…



Massa de manobra


Greve se faz contra patrão, seja ele privado ou público, isto é, empresário ou estado. Trata-se do último recurso do trabalhador, muitas vezes válido, outras nem tanto, pois exageradas. Existem razões reivindicatórias e razões políticas para as greves, igualmente aceitáveis em muitos casos e apesar dos prejuízos e transtornos que causam.


Só que tem uma premissa fundamental: greve não se faz contra o povo. Tome-se os serviços essenciais como transporte, fornecimento de energia, saúde, segurança e congêneres.


Brasília está a um passo de assistir a monótona e abominável repetição de mais uma greve de ônibus. Marcada para segunda-feira, a paralisação atingirá as camadas menos favorecidas. Quem tem carro dará de ombros, mesmo sem dar carona.


Motoristas e trocadores têm direito de reivindicar melhores salários e condições de trabalho. Cruzando os braços, porém, eles estarão prejudicando os assalariados de menor renda. Costumam ser utilizados como inocentes úteis, massa de manobra de empresas interessadas em obter aumento no preço das passagens. Seria bom que prestassem atenção.


Exemplo a seguir


Viveu a Comissão de Relações Exteriores do Senado, esta semana, um de seus altos momentos quando sabatinou e aprovou por unanimidade o embaixador Rubem Barbosa – o bom – para nosso representante na Austrália. Tratou-se de uma lição a respeito de como uma nação encontrou sólidos caminhos para o desenvolvimento, mesmo enfrentando uma natureza hostil e uma localização afastada dos chamados centros decisórios do mundo.


Com uma população de pouco mais de vinte milhões de habitantes, a Austrália já conquistou dez Prêmios Nobel em setores variados. Abriga nada menos do que vinte mil estudantes do mundo inteiro, preparados em universidades-modelo, inclusive grande número de brasileiros. Em pesquisa científica, nada fica a dever à Europa.


Mesmo em termos militares, possui forças armadas de comprovada eficiência, tendo participado das duas guerras mundiais e da guerra da Coréia, fornecendo também contingentes para quantas forças de paz se tenham constituído de lá para cá. Sua Marinha dispõe de seis submarinos de última geração. Sua Força Aérea é tão numerosa quanto todas da América do Sul, somadas. Tudo, vale repetir, com pouco mais de vinte milhões de habitantes e um território equivalente ao brasileiro.


Os males do alinhamento


Sem exceção os jornalões e seus correspondentes eletrônicos caíram de tacape e borduna no lombo do governo, por conta do voto de discordância com novas sanções contra o Irã, no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Não perdoaram a posição de independência do Brasil diante da imposição dos Estados Unidos e penduricalhos, estranhamente com o apoio da Rússia e da China. Permanece, a maior parte de nossa mídia, atrelada aos tempos do alinhamento automático e obrigatório.


Se há um aspecto a elogiar na política externa do presidente Lula é sua opção pelo diálogo e o entendimento, mesmo sem concordar com as intenções de alguns aiatolás aloprados para construir a bomba atômica.


As sanções aprovadas só farão aumentar as agruras da população iraniana. Em nada ajudará a causa da paz proibir investimentos internacionais naquele país, autorizar a interceptação de embarcações destinadas ou saídas de seus portos, reter cargas para lá enviadas, congelar bens de suas empresas e até de pessoas, bloquear transações financeiras, negar licença para a instalação de seus bancos – será que tudo isso e muito mais não irá até aumentar a abominável tentativa nuclear?

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