"Nós, os monarcas, somos incontestavelmente constantes em um mundo em constante transformação. Pelo motivo de termos estado sempre aqui, mas também por não nos envolvermos na política cotidiana. Estamos informados das mudanças políticas que acontecem em nossas sociedades, mas não fazemos comentários sobre isso. É nisso que assumimos uma posição única. Nenhum dos outros monarcas europeus interfere na política."

Margarethe II, Rainha da Dinamarca

sábado, 5 de junho de 2010

Alimentos e impostos



Artigo de José Celso de Macedo Soares, em 04/06/2010.


O governo Lula vive alardeando sua opção pelos pobres, medidas como Bolsa Família, casas para todos, etc., etc. .Seria bom, entretanto, que olhasse para o quanto os impostos gravam o dia a dia dos mais necessitados. Comecemos pelos alimentos. O Brasil é dos países que mais tributam alimentos no mundo. Pesquisa recente mostra a carga média de impostos sobre alimentos em alguns países: Estados Unidos, 0,7%; Europa, 5%; Brasil, 17%. Aí estão os números.


Os leitores vão me perdoar com a citação de mais alguns números revelados pelo mesmo estudo e que afetam o dia a dia do cidadão. Alguns itens. Apresentamos os valores de impostos pagos pelo consumidor a cada 100 reais gastos: conta de luz, 64,60 reais; conta de telefone, 40,20 reais; leite longa vida, 19,80 reais;carne bovina,19,40 reais; açúcar, 19,40 reais; pão. 17,7 reais; arroz, 7,9 reais. Vejam a enormidade. De acordo com os números citados, na conta de luz, 64,60% da conta são impostos.Quando se compra carne bovina, 19,4% % são impostos; pão, 17,7%. E por aí vai.


O brasileiro não tem a menor noção dos impostos que estão embutidos em cada compra que faz. Nos países mais adiantados, como nos Estados Unidos, por exemplo, todo o preço exposto nas vitrines tem destacado o valor da “Sales Tax”(imposto de venda . Porque não se obriga aqui este procedimento? Porque, evidentemente, os governos não gostam de mostrar o que estão arrancando do contribuinte, em cada venda, para sustentar as arcaicas e superdimencionadas burocracias federais, estaduais e municipais existentes no Brasil.

O estudo vai mais além e, mostra que, os gastos das famílias com alimentação por faixa de renda, comparada com suas despesas totais, é proporcionalmente maior sobre a população de baixo poder aquisitivo. Alguns números: quem ganha até 1.000 (hum mil) reais por mês gasta 19,6% de sua renda com alimentação. De 1.000 (hum mil) a 2.000 (dois mil) reais, 15,8% No outro extremo, que ganha mais de 32.000 (trinta e dois mil) reais por mês gasta apenas 4,1% de sua renda com alimentação. E o mais importante: as duas faixas de renda mais baixas - as das pessoas que ganham até 2.000 (dois mil) reais por mês-representam 71% ( setenta e um) da população brasileira.Estes números estão apresentados na revista “Exame”, edição de 5 de Maio de 2010.

Outros estudos demonstram que se fossem eliminados os impostos sobre os 8 alimentos que integram a cesta básica, a renda das classes mais pobres subiria 17%.

Temos que fazer uma profunda reflexão sobre estes números. O quadro mostra a tremenda desigualdade na distribuição de renda no Brasil, onde 71% da população brasileira, repetimos, é de baixa renda, ganhando até 2.000 reais por mês. Varias medidas podem ser feitas para melhorar o quadro. A correta aplicação de impostos é uma delas, principalmente os que afetam a compra de alimentos, vital para o suporte das famílias mais pobres. Eliminar os impostos que incidem sobre a cesta básica é medida urgente. O Brasil , com sua agricultura das mais desenvolvidas do mundo, é país com produção de alimentos suficientes para bem alimentar sua população. Não é justo que a parte mais pobre de seus habitantes se veja privada de boa alimentação por excesso de impostos.



Evidentemente que o governo atual não é responsável por este estado de coisas. Há anos se discute uma reforma tributária e, não se chega a acordo devido aos interesses conflitantes entre União, Estados e Municípios. Mas, poderiam se reunir e votarem uma reforma parcial abolindo os impostos sobre os artigos que compõem a cesta básica. Seria grande avanço para melhorar a situação dos mais pobres. Mas, no Brasil, hoje, só se discute o pré-sal...

Termino com José Lins do Rego :
“O pior não é morrer de fome num deserto: é não ter o que comer na Terra Prometida”.

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