"Nós, os monarcas, somos incontestavelmente constantes em um mundo em constante transformação. Pelo motivo de termos estado sempre aqui, mas também por não nos envolvermos na política cotidiana. Estamos informados das mudanças políticas que acontecem em nossas sociedades, mas não fazemos comentários sobre isso. É nisso que assumimos uma posição única. Nenhum dos outros monarcas europeus interfere na política."

Margarethe II, Rainha da Dinamarca

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Avaliação mostra o que o Brasil faz com educação: Pisa



Pelo atual desempenho de nossos jovens, teremos, no futuro, uma geração não muito brilhante de executivos, professores, pesquisadores ou profissionais liberais.

Muito simbólico que o Alagoas dos Collor e o Maranhão dos Sarney tenham ficado nas últimas posições do ranking brasileiro do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). Famílias ricas se elegem e se reelegem às custas de estados cada vez mais miseráveis e ignorantes. E o Brasil vai perdendo gerações inteiras, com fraquíssimo desempenho escolar.
O país alcançou a 53ª posição (401 pontos) entre os 64 países avaliados, atrás de Chile (439), México (420), Trinidad e Tobago (414) e Montenegro (404) mas à frente do Azerbaijão (389) e Quirguistão (325) – o lanterninha da lista. Os estudantes chineses de Xangai (com 577 pontos) conquistaram o campeonato do Pisa e a Finlândia (543) ficou em segundo.
O Pisa – coordenado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – comparou o desempenho de nossos jovens na faixa de 15 anos para produzir indicadores sobre a efetividade de nossos sistemas educacionais e deve ter concluído que as milionárias famílias nordestinas não fizeram seu dever de casa ao longo de tantos anos no comando do Executivo em seus estados. 


Ao demonstrarem sua incapacidade para refletir e analisar, nossos jovens dão os sinais de que não serão capazes de enfrentar os desafios do futuro, não somente no aspecto intelectual, visto que este será um grave problema econômico.
Para o professor e pesquisador da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence), do IBGE, José Eustáquio Diniz Alves, o Brasil terá uma janela de oportunidades entre os próximos dez e vinte anoscriada pela demografia para o desenvolvimento econômico. Em outras palavras, isso quer dizer o seguinte: findo esse prazo, nossa população vai parar de crescer e, por conseguinte, nossa boa e farta mão de obra começará a envelhecer vertiginosamente. 


Pelo atual desempenho de nossos jovens, teremos, no futuro, uma geração não muito brilhante de executivos, professores, pesquisadores ou profissionais liberais. Nossa competitividade irá para o ralo e seremos obrigados a importar executivos que virão aqui para gerir e mandar.

Números são para manipular

Outra preocupação é que essa cada vez menor massa de trabalhadores sustentará um número cada vez maior de aposentados. É conta que não fecha e que os constantes adiamentos de reforma de Previdência que FHC e Lula empurraram com suas barrigas sobre as pernas de Dona Dilma.
Num bem-humorado comercial de TV da Topper – de belíssimo texto – comentam-se os pífios números estatísticos do desempenho do Brasil no rugby e manipulam-se os dados sempre a nosso favor. Tão logo saíram os dados do Pisa, o ministro Fernando Haddad – aquele das trapalhadas do Enem e que parece sempre cair de paraquedas nas situações de crise – apressou-se em manipular nossos péssimos números para destacar a melhoria da qualidade do ensino e afirmar que estamos no caminho certo para recuperar o atraso e o descaso de mais de meio século. 


O ministro falou em avanço dos investimentos para atingir 469 pontos no Pisa 2021 (!) e disse que a pontuação neste ranking foi muito melhor que a anterior. Sempre haverá números para apontar avanços, mas faltarão palavras para explicar porque estamos atrás da Bulgária, Romênia e Montenegro.
No Programa “A Voz do Brasil”, a serviço do Governo – e agora, cada vez mais, escravo do PT – Haddad comemorava o resultado do Pisa como um “gritante avanço”. Nascido em 1963, ele deve ter estudado em escola particular ou era ainda muito criança para perceber que – até o início dos anos 1970 – as escolas públicas brasileiras proviam ensino de qualidade – do jardim de infância à faculdade. 


A coisa degringolou com a organização e o ganho de força das escolas particulares como instituição, isso graças, é claro, ao descaso do governo com a educação. Muito parecido, aliás, com a decadência de nossos serviços médicos e gratuitos e, este sim, “gritante avanço” dos planos de saúde.
No Brasil, o Pisa é coordenado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais “Anísio Teixeira” (Inep), também responsável pela aplicação do Enem. Instituto, aliás, que boa parte do país e quase a unanimidade dos estudantes percebe como “inepto”. Não deverá ir muito longe com essa sigla.

Por Claudio Carneiro

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