"Nós, os monarcas, somos incontestavelmente constantes em um mundo em constante transformação. Pelo motivo de termos estado sempre aqui, mas também por não nos envolvermos na política cotidiana. Estamos informados das mudanças políticas que acontecem em nossas sociedades, mas não fazemos comentários sobre isso. É nisso que assumimos uma posição única. Nenhum dos outros monarcas europeus interfere na política."

Margarethe II, Rainha da Dinamarca

terça-feira, 2 de abril de 2013

A necessidade de um estado laico


Se no ditado popular "religião e política não se discute", na vida pública a distância entre Estado e Religião deve ser preservada. A teocracia, comum em alguns países árabes, tem como marco principal a interferência - não divina, mas religiosa - no cotidiano das pessoas. A interferência por vezes é caracterizada por imposições doutrinárias, punições aos delitos e perseguição às religiões concorrentes. Nos estados confessionais, apesar de garantida a liberdade de culto aos demais credos religiosos, há primazia e até favorecimento da religião oficial.

Nos países seculares ou laicos - mesmo que mantida a distância entre religião e Estado – há uma forte influência das organizações religiosas, pondo em risco os limites estabelecidos pelo republicanismo. Estados Unidos e Brasil são dois países onde a religião é tema frequente de debate e disputa política. A formação histórica explica, em parte, a presença da religião na vida política dos norte-americanos – a disputa presidencial entre o "evangélico" Barack Obama e o mórmon Mitt Romney tipifica todo um contexto histórico em que religião e política mesclam-se no debate público.

Apesar de reconhecidamente laico – conquista alcançada com a proclamação da República e a Constituição de 1891 -, o Brasil continua sob forte influência de líderes e grupos religiosos. Nos séculos seguintes, com a explosão do fenômeno pentecostal e neopentecostal – hoje englobando algo em torno de 42,3 milhões de evangélicos, segundo o Censo 2010 do IBGE –, a religião volta a ser tema de debate e especulação política. Em São Paulo e Rio de Janeiro – e também nas demais capitais do Brasil - templos evangélicos são disputados palmo a palmo por candidatos ao paço municipal.

Ausência de laicidade

Tanto no Brasil como nos Estados Unidos a presença de símbolos religiosos em repartições públicas, ensino religioso pautado de acordo com a religião dominante e a influência de religiosos nas decisões dos governos é um claro indício de fragilidade republicana. A laicidade pressupõe neutralidade em assuntos que dizem respeito unicamente às entidades religiosas, decisão com base no interesse nacional etc.

Apesar de todos os conceitos pré-definidos na cartilha republicana e da luta por um Estado laico, a tendência mundial é a da divisão religiosa. Inevitavelmente o mundo caminha para teocracias, estados confessionais e um crescente fanatismo religioso. São consequências do desenvolvimento tecnológico, do isolamento cada vez maior da humanidade. A religião terá maior espaço nas gerações futuras do que na Antiguidade.

Johnny Bernardo


Desmascarando os grupos pseudo-cristãos: conservadores pró-família, defensores de valores tradicionais, etc.

O que eu penso sobre os cristãos fundamentalistas/conservadores e Teocratas


Meus fundamentos:

“E DISSE JESUS AOS JUDEUS QUE HAVIAM CRIDO NELE: SE VÓS PERMANECERDES NA MINHA PALAVRA, VERDADEIRAMENTE SOIS MEUS DISCÍPULOS“
João 8: 31

“EM VERDADE, EM VERDADE VOS DIGO QUE, SE ALGUÉM GUARDAR A MINHA PALAVRA, NUNCA VERÁ A MORTE“.
João 8:51

“AQUELE QUE TEM OS MEUS MANDAMENTOS E OS GUARDA ESSE É O QUE ME AMA; E AQUELE QUE ME AMA SERÁ AMADO DE MEU PAI, E EU O AMAREI, E ME MANIFESTAREI A ELE”
(João 14:21)

“JESUS RESPONDEU, E DISSE-LHE: SE ALGUÉM ME AMA, GUARDARÁ A MINHA PALAVRA, E MEU PAI O AMARÁ, E VIREMOS PARA ELE, E FAREMOS NELE MORADA”
João 14:23

“QUEM NÃO ME AMA NÃO GUARDA AS MINHAS PALAVRAS; ORA, A PALAVRA QUE OUVISTES NÃO É MINHA, MAS DO PAI QUE ME ENVIOU”
João 14:24


Eu sou, ou pelo menos tento ser seguidor do mestre Jesus. Deveria eu me denominar um conservador? Alguém que “defende a família”, os “valores tradicionais” a moral e os bons costumes?… Isso é muita estupidez para uma única mente, necessitaria de duas, e eu só tenho uma. À mim não interessa defender posturas conservadoras, nem tão pouco me declarar como conservador, acho esse comportamento, típico de bestas quadradas, uma verdadeira fraqueza de espírito, algo que deve ser expressamente desprezado por nós, seguidores do caminho. Porém quero entender como, e também esclarecer ao leitor que Jesus não era conservador.

O conservadorismo é uma ideologia política, criada com fins políticos, enquanto que o messias judeu era completamente indiferente à posturas políticas, posto que as suas interferências se davam somente no âmbito individual, no relacionamento direto com os indivíduos, ou como dizia Kierkegaard: “Cristo não quis fundar partido, não autorizou o voto, mas quis ser o que era: a Verdade que se relaciona com o indivíduo“1. Caso contrário, ele fundaria um partido, daria ordens aos apóstolos para penetrarem na política romana, planejaria uma estratégia de influência de modo que conseguissem tomar o poder Estatal, dando um golpe e assim livrando todo o seu povo da escravidão, até porque esta era esperança do povo judeu, de que seu messias os livrasse do julgo romano. No entanto, Jesus fez isso? Podemos então absorver boas lições disso, tanto com as palavras quanto com o seu comportamento; pois com Jesus nós aprendemos tanto com a teoria como com a prática.

“Valores cristãos”

O que mais me deixa furioso é este rótulo, usado à exaustão pelos fundamentalistas: valores cristãos. Introduz-se no raciocínio todo um pacote cultural, se dizendo ser pertencente ao que Yeshua ensinou, porém nada do que é referido fica de pé após uma sincera averiguação nos evangelhos. Este é um outro ponto central da estratégia político/religiosa fundamentalista; afastar as pessoas de um contato direto com o texto. Os cristãos fundamentalistas sabem que em Yeshua não se pode fundamentar uma série de idéias das quais eles são adeptos, portanto, tratam de distanciar seu rebanho da leitura textual e aproximá-los cada vez mais da tradição oral. Ora, aqui chegamos no cerne da questão: toda a ideologia política cristã fundamentalista não está alicerçada nas palavras e no modo de vida de Jesus (Yeshua), mas na cultura religiosa! Preservada pela tradição e propagada pela tradição oral, ou seja; pelos costumes.

Os tais valores conservadores de defesa da família e militância política contra aborto e homossexualismo não estão fundamentados em uma base sólida, mas na cultura religiosa! O contato direto com o texto e o retorno constante à ele não é uma característica praticada ou até elogiada pelos fundamentalistas. Isto é claramente notado nos discursos fundamentalistas, pois falam, falam, falam e no máximo o que citam são um ou dois textos fora de seus contextos e com interpretações forçadas para manipular os incautos.

Entretanto, percebe-se que o ponto central da argumentação não é a verdade revelada em um determinado texto que Jesus tenha dito sobre o assunto (que não existe), mas a percepção do olhar humano sobre algo que está ocorrendo no mundo. A ênfase argumentativa deles é em valores criados pelas suas tradições, e não em valores contidos no evangelho. Ora, que comportamento há em Yeshua de defesa da família?

De penetração na burocracia Estatal à fim de se alcançar os objetivos? E mais, o apóstolo mais idolatrado no meio protestante, Shaul (Paulo), recusou constituir família, ter filhos, etc. Será que Paulo se candidataria hoje como vereador, senador ou presidente e militaria à favor disso? E mesmo os outros apóstolos que se casaram e tiveram filhos, será que fariam isto? Isto é idiota demais para indivíduos que andaram com o mestre e absorveram um pouco de sua forma de ser.

E se o aborto ou a maconha for futuramente legalizada no Brasil?

Eu fico só imaginando a pastorada Teocrata fundamentalista, a imensa manada de Zumbis como à da marcha pra Jesus, apavorada, em pânico depois do pronunciamento de que ou o aborto ou a maconha foi descriminalizada no Brasil. Posso até imaginar Silas Malafaia indo à televisão dar mais um de seus shows pirotécnicos e rodando a baiana contra a investida maligna que satanás teria operado no Brasil. A mente teocrata não consegue imaginar a vida humana separada do controle Estatal, e isto eu já disse em uma outra oportunidade chama-se materialismo existencial. De modo que se tem uma lei que descriminaliza algum comportamento considerado pela igreja como pecado, então todos os seres humanos que vivem debaixo do Estado vão automática e obrigatoriamente praticar aquele comportamento. Se o aborto for legalizado todo mundo agora vai abortar… Já não abortam, mesmo sendo proibido? Se a maconha for legalizada, todo mundo vai fumar maconha… Se eu quiser hoje, mesmo sendo proibida, não fumarei? Então qual é a diferença?

A diferença é que à partir de agora terão esse comportamento com o consentimento do Estado! Ter o consentimento do Estado adquire o valor de ter o consentimento de Deus.

Esta é uma visão de mundo absolutamente monstruosa: admitir o Estado como uma figura divina e viva, de modo que se ele, criminalizar algo “santo” decorreria daí um erro grave. E da mesma forma e se ele legalizar algo “profano”, também decorreria daí um erro gravíssimo. É por isso que venho à público denunciar essa mentalidade doentia difundida pelos líderes religiosos. Infelizmente essa mentalidade já tomou conta de uns 90% dos cristãos brasileiros.

Retornando ao “olho por olho e dente por dente“

Outro aspecto importante dos grupos religiosos conservadores é a descaracterização psicológica que o indivíduo deve ter para com a pessoa de Jesus. Enquanto Jesus ensina amar o seu inimigo, não resistir ao mal e não responder como o Homem natural responde, no “olho por olho e dente por dente”, eles tomam o caminho contrário. Desconstroem toda essa psicologia messiânica e incitam as pessoas à responderem à altura todos os que se opuserem aos tais valores cristãos. O Prof. Olavo de Carvalho, por exemplo, em muitas oportunidades em seu programa semanal no youtube já realizou apologia aos cristãos militantes políticos do Brasil que processem os seus caluniadores, pois que se processassem os primeiros que denegrissem seus símbolos religiosos não haveriam um segundo e terceiro fazendo isso.

Ora, o que faz Olavo de carvalho se não interceder aos crentes que tenha cada vez menos a personalidade do Cristo e sejam assim cada vez mais belicosos, fazendo-os agir como os comunistas, que tanto ele mesmo critica. Em seu último vídeo: True Outspeak Olavo de Carvalho 22 de agosto de 2012, o próprio Olavo, de forma hipócrita demonstra a visível contradição que há entre o exercício político e a existência estética do evangelho, ele diz: “Eles não sabiam fazer política, ficavam com essa tomada de posição doutrinária…

Com o aprendizado que eles tiveram aqui (EUA), eles estão se tornando mais eficientes politicamente…

E em política você não pode ser doutrinário, você não pode entrar com aquele negócio de que só você tem a razão, isso não funciona em política. São Tomás de Aquino já fazia distinção entre política e moral, na moral o que é certo é certo e o que é errado é errado! Na política às vezes você tem que aceitar uma parte do mal pelo bem da comunidade, então você tem que ser flexível, tem que negociar, e isso eles aprenderam…”.

Hipócrita, não? Ele acaba de admitir a incompatibilidade do evangelho com o exercídio político, porém é um grande influenciador da militância política teocrática no Brasil. Se Cristo é a superação do Homem natural, esses homens trabalham para o retrocesso à ele.

Ação, reação e solução

Os adeptos de filosofias conservadoras que se dizem provenientes de cristo, são na verdade cegos guiados por outros cegos. Não possuem a mínima percepção de que estão sendo manipulados, e que fazem parte de um enorme jogo de xadrez, aonde o conservadorismo e a defesa desses tais valores tradicionais não passam de um instrumento para as reais finalidades ocultas. De modo que a estratégia ação, reação e solução é magistralmente utilizada com eles, sem nem mesmo perceberem que são os representantes ativos do segundo grupo: aqueles que promovem a reação.

Ao promoverem a reação, eles mesmos desencadeiam a automática contra-reação do outro lado (solução), que assim se alcança uma síntese. Devemos ter um raciocínio computacional e um hábito constante de calcular esses processos para levar à cabo uma compreensão profunda de tudo o ocorre em termos de conspiração.

CONCLUSÃO

Os grupos conservadores cristãos, defensores de valores tradicionais, pró-família, fundamentalistas e Teocratas estão à serviço desta Nova Ordem Global que se encaminha. Eles pensam que não, mas nem imaginam que estão à colaborar com as suas reações opositoras. Mas de que modo eles colaboram com toda essa mudança comportamental dirigida pelos organismos internacionais? Ora, de um modo muito simples: doutrinando a grande massa na idéia de que o Estado é a finalidade da existência humana, de que tudo que diz respeito sobre a minha alma ou até sobre a minha eternidade, passa indubitavelmente pelo Estado. O Estado é o meu grande mantenedor, protetor e tutor. Por isso devo ter nele a minha esperança, preciso confiar que nele eu ganharei a vida eterna; depender cada vez mais do Estado e depositar nele a minha confiança de salvação, essas são as palavras chaves.

Eles promovem o que Michel Foucault chamava de Judicialização da vida. Tornar o poder judiciário tão presente na vida do indivíduo que todo mínimo movimento, questionamento, palavra ou até pensamentos passam sobre a régia do Estado, na representação de seus empregados. Que é o mesmo elevá-lo à uma categoria metafísica, como entidade vivente e tutora de nossos espíritos. Judicializar a vida humana é o mesmo que compreender a existência do Homem como uma concessão do Estado, é ele que permite quem existe e como existe. É enxergar o Estado como causa metafísica e o Homem como efeito direto.

E nessa grande engenharia social, os pastores da televisão são os mais importantes. Ora, todos eles promovem nos seus fiéis a consciência de que o chefe de Estado é um representante de Deus, de que o Estado é uma manifestação divina na Terra e que portanto, devemos batalhar nas câmaras municipais, no congresso nacional e nas prefeituras para que “o reino de Deus seja estabelecido na Terra”. Vale lembrar de que existe todo um pacote ideológico contido nesse ideário: Teocracia, dominionismo, teologia do poder.

Estabelecer o reino de Deus na Terra significa tomar o poder, deter o controle político sobre a nação e assim mandar no Estado, ter o presidente sob seu controle e em última instância adquirir o Estado para si oficialmente, como é o caso das Teocracias Islâmicas atuais e como na história da Europa ocidental, medievo em diante, com os reinos cristãos. Vale ressaltar que isto já se ensaia aqui no Brasil, visto que ano passado, a presidente Dilma Roussef cedeu publicamente perante à grande pressão teocrata da bancada evangélica quanto a aprovação do chamado Kit gay nas escolas. Esta foi uma clara demonstração do poder máfio/religioso cristão após várias pregações de pastores contra o PT, o que acarretou na disputa presidencial ir para o segundo turno; pois se não fosse toda a investida fundamentalista cristã contra o PT, Dilma teria ganho logo no primeiro turno.

A grande preocupação dos pastores teocratas fundamentalistas não é com a ação do indivíduo e nem tão pouco com o coração humano, mas é que a “iniquidade” seja institucionalizada na forma de lei. Os indivíduos que operam com este raciocínio, crêem que o Estado é o grande tutor da existência humana, e que portanto, a pior coisa que pode acontecer é que um dado comportamento se transforme em lei. Este tipo de raciocínio só pode existir no meio cristão na cabeça daqueles que venderam suas almas ao imperador, como no século III da era cristã, aonde os discípulos de Jesus, vendidos, abraçaram e glorificaram à Constantino como o grande enviado de Deus por ter cancelado a perseguição Estatal sobre eles.

Eu intercedo aos meus caros leitores que retornem à Galiléia, cheguem ali perto da praia aonde geralmente ficam os pescadores e perguntem por um tal de Yeshua. Quando encontrá-lo, conversem com ele. Tentem acompanhá-lo no seu dia à dia e obervem o seu modo de se comportar, as suas atitudes, o modo de tratar com as pessoas… Prestem atenção nos seus ensinos, tentem perceber o profundo nas palavras dele e vocês verão que tudo o que eu escrevi aí em cima faz sentido. Como retornar à Galiléia? Ora, as passagens estão nas suas mãos, leiam de novo os evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João… Quando encontrarem Yeshua, e depois de muito conversarem, na despedida, no virar do dia, mandem um abraço pra ele, digam que foi Luiz F. Galeno que mandou, em breve eu também o verei de novo.

Luiz F. Galeno

Um comentário:

  1. Eu gostaria de saber se a Família Imperial do Brasil defende o Estado Laico ou se defende que com o retorno da monarquia o Brasil volte a ter Estado Confessional e Católico

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