"Nós, os monarcas, somos incontestavelmente constantes em um mundo em constante transformação. Pelo motivo de termos estado sempre aqui, mas também por não nos envolvermos na política cotidiana. Estamos informados das mudanças políticas que acontecem em nossas sociedades, mas não fazemos comentários sobre isso. É nisso que assumimos uma posição única. Nenhum dos outros monarcas europeus interfere na política."

Margarethe II, Rainha da Dinamarca

sábado, 17 de janeiro de 2009

O Estado do Governo !!!


REFORMAR O ESTADO E O GOVERNO.


Por SOARES 22/06/2005 CMI.


Não ocorrendo a imprescindível reforma do Estado e do Governo, mesmo que a Imprensa, o Congresso, o Ministério público e a Justiça passem a limpo a podridão que tomou conta do planalto,o próximo presidente ficará sujeito a ser protagonista ou coadjuvante de mais uma dezena de escândalos.


Campo fértil para corrupção não livra a cara dos personagens... REFORMAR O ESTADO E O GOVERNO Toda esta crise moral e política que entremeia o governo Lula tem raízes na própria estrutura do Estado e do Governo, ou seja, na forma como o Estado e o Governo estão constituídos no Brasil.


Sem uma reforma profunda nestas estruturas, nada mudará.Continuaremos todos, governo após governo, sujeitos a sucessivas denúncias de atos de corrupção, malversação de recursos e de improbidade administrativa, e à eterna briga entre oposição e governo para a instalação ou não de CPIs. Na essência, a crise atual não é mais do que a explicitação das relações promíscuas entre governo, partidos políticos, Congresso, empresas estatais, e empresas privadas.


O governo quer aprovar seus projetos no Congresso e ,para isto, abastece sua base de apoio com liberação de verbas do orçamento, e mensalões da vida. Por seu turno,o Congresso, ou, pelo menos, parte dele, se comporta tal qual um exército mercenário, a que se referiu Roberto Jefferson , com conhecimento de causa: cada projeto aprovado tem o seu preço.


A mesma relação imoral se dá quando partidos políticos se apossam de cargos estratégicos em órgãos públicos e estatais, e,então, promovem um verdadeiro tráfico de influências,no qual uma das atividades mais “lucrativas” é captar recursos de empresas privadas interessadas em fornecer bens e serviços ao governo. Para onde vão tais recursos?


Uma parte, certamente para o caixa dois das campanhas eleitorais, a outra parte, só Deus sabe. Assim, não existe solução à vista que não seja uma radical reformulação – eu diria até, revolução – do Estado e do Governo.Nunca é demais insistir no óbvio: o Estado brasileiro é gigantesco, ineficiente, lento perdulário e excessivamente centralizado e burocratizado.


Um imenso labirinto onde se perdem milhões a cada hora. Milhões que são fruto do trabalho de toda sociedade. Não estou a defender o “estado mínimo” nos padrões clássicos. Mas é de uma necessidade vital que o Estado tenha o seu tamanho diminuído e a seu funcionamento racionalizado. E que ele se afaste o máximo das atividade econômicas e concentre os seus esforços e recursos no campo de educação – tão negligenciada neste país – saúde, e segurança.


Como parte desta reforma do Estado, sem a qual estaria incompleta, haveria uma reforma no Governo. O regime presidencialista já provou, aqui e em outros países da América, a sua ineficiência diante das crises.Principalmente quando se trata de crises éticas.


Assistimos , desde a instalação da “Nova República” a uma constante disputa entre o executivo e o Congresso. Disputa esta cujas faces mais visíveis são o fisiologismo e a morosidade nas votações de matérias de interesse da sociedade. Desta forma, o governo não anda e a Nação fica prejudicada.Por seu turno, os partidos políticos nada significam em termos doutrinários e programáticos: são associações de políticos, com finalidade puramente eleitoral e um campo fértil para negociatas fisiológicas.


Isto é , meros balcões de negócios escusos. Já disse em outras ocasiões, e reafirmo agora, que o Parlamentarismo é o menos imperfeito dos regimes de governo. Isto, pelo fato de possibilitar a diminuição das tensões entre o executivo e o legislativo – afinal,a maioria no Parlamento é que assume o governo. Dentre as virtudes deste regime está a de favorecer a superação rápida das crises políticas – o governo pode cair a qualquer momento, novas eleições são convocadas e um novo governo é formado. Ademais, possibilita o fortalecimento dos partidos políticos, que passam a assumir maiores responsabilidades.


Mas a reforma política seria incompleta se a mudança de regime não viesse acompanhada de outras mudanças também fundamentais. Teriam que ser reformulados o financiamento das campanhas, a fidelidade partidária, o número de parlamentares nas casas legislativas, os recessos parlamentares, o voto distrital, a votação em listas.


Tomara que a atual crise desperte as pessoas para este tipo de debate e que não se limite apenas aos aspectos circunstanciais da questão, tal com tem acontecido.


Afinal,se o governo Lula peca – e peca muito ! – por roubar e/ou por deixar roubar, os governantes anteriores também cometeram pecados semelhantes. O que faz o quadro atual ficar mais exacerbado pode ser atribuído em grande parte à arrogância e ao autoritarismo que os petistas demonstram no governo. Nada muito diferente de quando eram de oposição.Mas, no fundamental, a essência desta crise é a mesma da dos governos anteriores.


Basta que um grupo político mal intencionado – ou quadrilha? – assuma a República, e encontrará um campo fertilíssimo para todo tipo de ação condenável.


Quem não se lembra do governo Sarney, e a enxurrada de concessões de rádio e canais de TVs em troca da prorrogação do seu mandato? ; ou das ligações entre o presidente Collor e a quadrilha de PC Farias? Ou os anões do orçamento no governo de Itamar?; ou das denúncias de compra de votos em troca da reeleição de FHC?


Desta forma,não ocorrendo a imprescindível reforma do Estado e do Governo, mesmo que a Imprensa, o Congresso, o Ministério público e a Justiça passem a limpo a podridão que tomou conta do planalto- ou do Planalto – o próximo presidente, seja quem for, ficará sujeito a ser protagonista ou coadjuvante de mais uma dezena de escândalos. E nós continuaremos a pagar caro por isto.

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