"Nós, os monarcas, somos incontestavelmente constantes em um mundo em constante transformação. Pelo motivo de termos estado sempre aqui, mas também por não nos envolvermos na política cotidiana. Estamos informados das mudanças políticas que acontecem em nossas sociedades, mas não fazemos comentários sobre isso. É nisso que assumimos uma posição única. Nenhum dos outros monarcas europeus interfere na política."

Margarethe II, Rainha da Dinamarca

quarta-feira, 31 de março de 2010

Relações Exteriores



por: José Celso de Macedo Soares, em 20/03/2010.

Tenho evitado discutir aspectos da política externa e negociações internacionais do Brasil. Sigo o conselho que recebi de meu parente José Carlos de Macedo Soares, duas vezes Ministro das Relações Exteriores do Brasil : “Negociações internacionais são como o iceberg. A maior parte fica escondida”. Mas, algumas posições e declarações do Senhor Lula da Silva, a respeito, obrigam-me a algumas apreciações

O Barão do Rio Branco, nosso grande Chanceler, estabeleceu o principio de que a política básica do Brasil, nas suas relações internacionais, é a de não interferência nos negócios internos de outros países. Sábia política, ao contrario da dos Estados Unidos que, teima em interferir nos negócios internos de outros países. Dá como desculpa a preocupação com sua segurança que, é sua fixação mórbida. Por isto mantém uma infinidade de bases americanas ao redor do mundo, com infindáveis custos ao contribuinte americano. Mas, nem por isto consegue impedir ataques terroristas, como o de Setembro de 2001 às torres gêmeas em New York.

Sou de opinião que a política de Rio Branco é a acertada. Mas, vamos ao Senhor Lula. Em recente visita à Cuba, para abraçar seus amigos, os ditadores irmãos Castro, confrontado com a morte de elemento da resistência à ditadura, por ocasião de sua visita, nada disse, argumentando que não desejava interferir nos negócios internos de Cuba. Só age assim quando interessam suas matizes ideológicas. Prestigiou , com sua visita, regime ditatorial que,ha mais de 40 anos, sufoca o povo cubano. Aliás, sempre contraditório. No caso de Honduras, foi mais do que clara a intervenção do governo brasileiro nos assuntos internos daquele país, tentando, com a cumplicidade de Hugo Chavez, forçar o retorno de Zelaya à presidência, abrigando-o na embaixada brasileira.

Apóia claramente as ditaduras de Chavez na Venezuela, Correa no Equador e Morales na Bolívia. No caso do Irã, se o governo daquele país insiste em realizar um programa nuclear sem a fiscalização da ONU, dá-lhe apoio. Quando Ahmadinejad foi eleito com suspeita de fraude, provocando protestos internos, Lula foi dos primeiros a vir em seu socorro, interferindo nos negócios internos de outro país. Agora mesmo, meteu-se na disputa entre a Argentina e a Inglaterra sobre as ilhas Malvinas (Falklands) procurando agradar seus amigos peronistas, os Kirchner. Que tal perguntar aos habitantes das Malvinas (Falklands), se eles preferem ser cidadãos britânicos ou argentinos? Os presos por motivos políticos no Irã e em Cuba, nunca ouviram do Senhor Lula palavras de protesto. É a política de dois pesos e duas medidas. Se o país é “amigo” não importa que transgrida os direitos humanos. E poderia continuar citando várias de suas declarações desastrosas em matéria de política internacional.

Em país presidencialista,o Presidente da República é o responsável e mentor da política externa. É auxiliado, na matéria, pelo seu Ministro das Relações Exteriores que, o aconselha e é responsável pela máquina que vai executar as diretrizes decididas. Mas, no governo Lula temos a esdrúxula situação de termos dois Ministros do Exterior: um, o inefável Marco Aurélio Garcia, amigo de Chavez e outros do mesmo naipe, sentado no palácio presidencial, como assessor do Presidente para assuntos de política externa. Outro, Celso Amorim, conhecido por suas tendências antiamericanas, dirigindo o Itamaraty. Quem manda? Duvido que o Barão do Rio Branco aceitasse uma situação desta.

Política externa de um país é coisa muito séria. Não pode ficar aos cuidados de pessoas escravas de suas ideologias como Marco Aurélio Garcia ou, com posições, “a priore”, contra ou a favor de determinados países, como Celso Amorim. Por isto, quando leio declarações estapafúrdias do Senhor Lula da Silva em matéria de política externa, com graves repercussões à imagem do Brasil no exterior, não posso deixar de lembrar Francis Bacon, estadista inglês :


“Nada há que seja tão prejudicial para uma nação como serem os espertos considerados sábios”.

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