"Nós, os monarcas, somos incontestavelmente constantes em um mundo em constante transformação. Pelo motivo de termos estado sempre aqui, mas também por não nos envolvermos na política cotidiana. Estamos informados das mudanças políticas que acontecem em nossas sociedades, mas não fazemos comentários sobre isso. É nisso que assumimos uma posição única. Nenhum dos outros monarcas europeus interfere na política."

Margarethe II, Rainha da Dinamarca

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

No Brasil, quase sempre, não representam idéias ou ideologias.


As últimas eleições decretaram a falência dos partidos políticos no Brasil. 


No Brasil, quase sempre, não representam ideias ou ideologias. Na faixa dita democrática, eles se misturam, cada um defendendo seus interesses particulares.


O mal não é novo. Os partidos, desde a independência, criaram-se em torno de pessoas, de chefes, não raro os interesses regionais predominando sobre os interesses nacionais. Dir-se-á que, no Brasil, política é sinônimo de mexerico de aldeia, questiúncula de dize tu direi eu, de conluios, cuja importante solução não tem outro critério senão proveito do chefe tal, ou de ser contrário, ou a benefício de parentes e aderentes.


Um pouco de história. No Império tivemos dois partidos: Conservadores e Liberais, que se alternavam no poder de acordo com a vontade do Imperador. Não havendo sistema eleitoral, não se pode dizer que houve representação correta.


 O senador baiano Nabuco de Araújo, em seu famoso discurso do sorites, demonstrou que, no Império, a representação partidária era uma farsa. Com o advento da República, até 1945 – com o interregno do Estado Novo getulista – os partidos perderam suas características nacionais para serem meramente grupelhos regionais. Já com a Constituição de 1946, criaram-se partidos nacionais. Não houve, entretanto, cuidado quanto aos requisitos para formação dos partidos. 


Daí sua proliferação, apenas para barganhas pessoais. Deixando de lado o período dos governos militares, em que representação correta não havia, a situação hoje, no Brasil continua a mesma: dezenas de partidos sem a menor representatividade, meros agrupamentos para atender ambições políticas de chefetes regionais
Verdade é que nossos políticos, com as exceções de praxe, procuram os partidos de acordo com suas conveniências e quais a possibilidade de se elegerem por esta ou aquela legenda. O troca-troca de partidos é uma constante na vida pública brasileira, embora a Justiça Eleitoral tenha posto um cobro a esta desfaçatez, dos que se elegeram por determinado partido e, depois de eleitos, sem cerimônia, mudavam de partido.
Na verdade, isto não incomoda a maioria do eleitor brasileiro que, em geral, vota na pessoa e não no partido. O brasileiro, com honrosas exceções, sabe em quem votou para Presidente, Governador ou Prefeito mas, se perguntado em que deputado votou, não se lembra, tudo na tradição de quem olha e procura sempre o “chefe”, o “soberano”, esquecendo que quem faz as leis que lhes vão afetar a vida, diuturnamente, são os legisladores, seus representantes. 


Mas, como no Brasil votar é obrigatório e não facultativo, como deveria ser, o brasileiro vota porque necessita do documento comprobatório. Pretender que esses fantasmas de partidos, tristes e desanimados, abandonem a demagogia, é o mesmo que pedir a um saco vazio que se ponha de pé. Assim, os brasileiros acabam tendo razão em desprezarem os partidos.
O panorama desalentador do nosso atual parlamento é resultado da falta de consistência de nossos partidos políticos e do defeituoso sistema eleitoral brasileiro.
Vendo os atuais partidos brasileiros, não posso deixar de lembrar do Marquês de Halifax, estadista inglês: “O melhor partido não é nada senão um tipo de conspiração contra o resto do país.”

Por José Celso de Macedo Soares

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