"Nós, os monarcas, somos incontestavelmente constantes em um mundo em constante transformação. Pelo motivo de termos estado sempre aqui, mas também por não nos envolvermos na política cotidiana. Estamos informados das mudanças políticas que acontecem em nossas sociedades, mas não fazemos comentários sobre isso. É nisso que assumimos uma posição única. Nenhum dos outros monarcas europeus interfere na política."
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Orçamentos públicos
O espetáculo anual da votação do orçamento federal, com suas disputas por verbas, benesses, etc., mostra o quão está errado todo sistema destas votações.
Algumas considerações.
A tarefa mais importante de todas as Câmaras, federal, estaduais e municipais, é votar o orçamento da República, dos Estados e dos Municípios. Nesta hora é que os representantes do povo decidem, em seu nome, onde deve ser aplicado o dinheiro que o povo paga em impostos.
Tarefa primordial de seus mandatos. Mas, no Brasil como isso se processa?.
O iníquo sistema tributário existente no Brasil, em que a União recebe 70%, os Estados 20%. e os Municípios 5% dos impostos arrecadados, transforma os deputados e senadores em pedintes do todo poderoso Presidente da República, nosso ditador constitucional. O que se vê no Congresso, anualmente, a este respeito, é desalentador. Ressalvas, afinal o mandatário foi eleito por sua comunidade e, é natural que porfie verbas para melhorá-las.
Se tivéssemos um sistema tributário justo, em que os municípios deveriam receber a maior parte do bolo tributário, a votação do orçamento federal deveria girar em torno de verbas essenciais às atribuições que a Constituição Federal destina, obrigatoriamente, ao governo federal.
Além do mais é preciso não esquecer que ninguém mora na União ou nos Estados.Todos moram nos municípios. Assim a primeira medida para termos legitimo orçamento federal é realizar autêntica reforma tributária para alcançar este desiderato. Mas, a matéria é discutida, há anos, sem que se chegue a uma solução.
A segunda medida é fazer com que o orçamento votado pelos legisladores, seja de execução obrigatória pelos executivos, federal, estaduais e municipais. Torná-los, como se diz em inglês, “mandatory”. É o sistema adotado em todos os países civilizados.
Os que são contra esta medida alegam que o legislador brasileiro não tem capacidade para saber se o que votam, tem respaldo na geração das verbas previstas. Isto já é outro problema. Se têm ou não capacidade para exercer sua função, a culpa cabe a quem os elegeu. Mas, não devemos esquecer que estes mandatários têm bons assessores que poderão orientá-los nesta tarefa. Basta ver o quadro de assessores que abundam nas câmaras federal, estaduais e municipais.
Não estou falando na corrupção embutida na distribuição de verbas, como vimos na votação do ultimo orçamento federal, em que vários relatores do orçamento foram substituídos sob estas acusações. Parece que estou sendo contraditório ao advogar mais poder ao Parlamento na feitura do orçamento, isto é torná-los de execução obrigatória pelos executivos. Mas isto é outro problema. Se o povo elege representantes despreparados, a culpa é dele. Problema educacional ou de compadrio.
Olhando a maneira com que são votados os orçamentos públicos no Brasil e, sua repercussão na administração geral, não posso deixar de lembrar Peter Drucker :
“Não existem paises subdesenvolvidos. Existem países subadministrados” .
José Celso de Macedo Soares. - Almirante, Empresário, membro do Conselho Técnico da Confederação Nacional do Comércio. É autor de "Mitos e Realidades do Brasil".
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