Há algum tempo, estamos presenciando fatos que nos envergonham como cidadãos brasileiros. O que estamos vendo nos últimos meses e dias nos deixam envergonhados da classe política.
Às vezes, o que sentimos é uma mistura de vergonha com nojo. Cabe lembrar que não podemos generalizar, mas, a grandessíssima parcela dos políticos que o Brasil possui não merece o respeito e a confiança do povo.Muitas das ocasiões, o político é um antes do poder e outro durante o poder.
Presenciamos nos noticiários vereadores, prefeitos e seus bajuladores envolvidos em inúmeras irregularidades como, por exemplo, prostituição infantil, troca de favores e cargos, apropriação indébita, enriquecimento ilícito, notas frias, licitações irregulares, obras superfaturadas entre outros delitos que parece fazerem parte da vida desses indivíduos e até ser comum.
Um amigo sempre me afirmava que ser político no Brasil é a única profissão para aqueles que não têm nenhuma vocação, basta enganar o povo e ser eleito, mas, eu discordava, pois acreditava que, para ser um bom político, há algumas “qualidades” que estão intrínsecas no cidadão como, por exemplo, amor ao próximo, honestidade, ser bem intencionado e principalmente, ter vergonha na cara.
No entanto vejo que isso não é a regra, mas sim a exceção. Já os políticos de “maior calibre” como deputados e outros não ficam longe dos atos ilícitos basta lembrarmos do recente Mensalão, da CPI dos Bingos, dos Sanguessugas e dos inúmeros políticos desonestos que já passaram por este país e ainda deverão passar. O Brasil é um belo país, mas o que vem estragando esta nação é a politicagem que o tira dos trilhos.
Há políticos que estão perdidos, não sabendo que eles deveriam cumprir uma importante função social. Diante disso, lembro-me dos dizeres do filósofo Lucius Aneu Sêneca: “Não existem bons ventos para quem não sabe para onde quer ir”. Além desses fatos vergonhosos, as ocorrências de violência dos últimos dias vêm para nos alertar e refletir, já que, o Brasil vem passando por uma crise institucional e política, onde o Estado só é eficaz e eficiente para cobrar impostos, pois, ano após ano, batem os recordes de arrecadação.
A sociedade está à deriva, está desprotegida e, o pior, está sem esperanças nos políticos aqui existentes. A sociedade brasileira deveria seguir o exemplo da Espanha, que sempre foi um país de uma economia com forte base no setor agrícola, mas sempre marcada por várias lutas internas.
Sofreu uma guerra civil, na década de trinta do século passado, que fragmentou a sociedade espanhola por quase meio século. Depois da guerra civil, viveu a Ditadura Franquista. O ditador Franco manteve a Espanha fora da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), restaurou, em 1947, a monarquia, que entrou em vigor somente após a sua morte. Durante o regime franquista a Espanha, permaneceu isolada da Europa.
Em 1967, Franco proclamou a Lei Orgânica que o confirmou como chefe de Estado e deu certa autonomia ao legislativo e esse regime só terminou com a sua morte em 1975.Isso fez com que os espanhóis sofressem um atraso no campo das políticas sociais e desenvolvimento econômico e só voltaram a crescer, de forma significativa após a redemocratização que esboçou uma modernização da legislação.
A redemocratização só ocorreu a partir da morte de Franco e Juan Carlos foi coroado rei, como Juan Carlos I que iniciou uma pequena reforma política. No mandato do primeiro-ministro Adolfo Suárez, foram legalizados todos os partidos políticos ali existentes, até mesmo o Partido Comunista. Em junho de 1977, foram realizadas as primeiras eleições livres, que não ocorriam desde 1936, que deu a vitória a Adolfo Suárez da União Centro-Democrática (UCD).
Entretanto, o principal fato a ser relatado neste artigo sobre a história da Espanha ocorreu em 1978, quando os partidos políticos selaram um acordo para tirar o país da crise econômica que foi chamado de Pacto de Moncloa. Esse pacto social teve como pontos básicos a reforma no seguro social que consistia em, principalmente, suprir os numerosos organismos gestores.
Criou, como unidades gestoras, os atuais institutos nacionais do seguro social, da Saúde e dos Serviços Sociais. Em troca, esta reforma enfrentou, pela primeira vez, uma política integral de emprego e de formação profissional, através de um organismo autônomo, o Instituto Nacional do Emprego.
O resultado disso tudo foi colhido a médio e longo prazos, visto que, hoje, a Espanha é o segundo país da Europa em número de turistas. Ela só recebe menos turistas do que a Itália. Os principais produtos produzidos na Espanha são: Agricultura – trigo, beterraba, vegetais, frutas cítricas, uva e azeitona. Pecuária – bovinos, suínos, ovinos e aves. Minérios – carvão e cobre.
As principais indústrias da Espanha são: automobilística, naval, química, siderúrgica (aço), têxtil e calçados.
Os principais partidos políticos são o Partido Popular (PP), o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e a Esquerda Unida (IU). A constituição que está vigorando na Espanha é do ano de 1978.
Agora, voltando ao nosso amado Brasil, vemos que grande parte dos políticos só pensa em projetos em curto prazo. Não se vê uma reflexão e discussão mais profunda como houve na Espanha, mas, sim, projetos políticos, partidários e pessoais.
O povo só é lembrado no momento do ato de votar. Pacotes eleitorais e populistas tomam conta do Brasil há décadas. Há políticos que fazem ações que os tornam ridicularizados e desacreditados diante da opinião pública. Chegamos ao cúmulo de ver político fazendo “greve de fome” em defesa de seu projeto pessoal.
Vou lembrar as palavras de Arnaldo Jabor, no Jornal da Globo do dia 19 de maio, a respeito do crime organizado: “[...] o Marcola e o PCC nos ensinam que estamos abandonados pelo poder público [...]. Estamos vivendo uma crise institucional. As soluções tradicionais não bastam. As ‘providências’, as ‘comissões’, nada resolve. Talvez, adiante, a humildade do Lula e seus petistas, dos tucanos e seus aliados, todos os políticos, reconhecendo que não sabem o que fazer. Só um mutirão acima de partidos e uma pressão contínua da sociedade podem, talvez, ajudar. É um momento precioso. Não deixemos escapar esta oportuna verdade terrível: o Brasil precisa de uma revolução institucional. Não há solução ainda, porque a verdade é que não conhecemos o problema”.
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