O antropólogo José Murilo de Carvalho em sua obra: Formação das Almas: o Imaginário da República no Brasil afirma que a República brasileira segue inconclusa. "A auto-imposição e as tentativas de adentrar o imaginário popular brasileiro falharam" assevera Carvalho.
A História tem mostrado que, desde o golpe militar, imposto em 15 de novembro de 1889, declarado feriado nacional e, intitulado Proclamação da República, resultou em trágicas conseqüências.
Em nenhum momento a República se responsabilizou por incluir na sociedade a massa pobre, de brancos ou de mestiços, e de ex-escravos libertados pela Monarquia, que não pôde concluir seu projeto de inclusão. O negro continua sendo o de maior participação na pobreza e miséria que assolam o país.
O Brasil ainda tem reis, rainhas, príncipes e princesas. Não só no carnaval ou nas festas folclóricas, mas diuturnamente nos destaques: profissional, social, artístico ou outro como Rei do Gado, da Soja, da Canção, Rainha da voz, dos Baixinhos etc. O Imperador ainda vive no inconsciente coletivo nacional. A busca de um eterno pai, de um perene poder soberano, persiste em nós desde nossas raízes. A isso se refere todo o tempo a obra de Lilia Schwarcz em As Barbas do Imperador: D. Pedro II, um Monarca nos trópicos.
Resta ao verdadeiro cidadão e patriota brasileiro esperar por numa releitura de seu passado, remoto e recente e, sobretudo, conscientizar-se de que o Brasil não é concebível historicamente sem a Monarquia. Assim, firmemo-nos nos princípios de heróis nacionais como Beato Antonio Conselheiro, do Almirante Saldanha da Gama, de D. Luiz o Príncipe Perfeito, e também dos frustrados e arrependidos republicanos Aristides Lobo, Raul Pompéia, Rui Barbosa, Silva Jardim, além do próprio Marechal Deodoro.
Por fim citamos o insuspeito historiador marxista Leôncio Basbaum em História Sincera da República, que, como Monteiro Lobato, também considerava ter sido a República um atropelo na História do Brasil.
Há ainda os que alegam como causa da queda do Império a falta de tradição monárquica na América... Como dizia o Manifesto Republicano, de Itu de 1870, a América era republicana e os brasileiros desejavam ser americanos.
A realidade, entretanto é que, pelo menos no Brasil, a tradição monárquica era maior e mais integrada na alma popular que a República. Essa tradição monárquica tinha pelo menos quatrocentos anos.
Ao contrário, a República não era um anseio popular geral, como vimos, nem mesmo num passado histórico. A República era aspiração de uma parte intelectualizada das classes médias, nada mais.
Ao fim do Império, havia apenas dois deputados republicanos e nenhum senador. Esses números já dão uma idéia da popularidade do ideal republicano.
Aliás, a República nem mesmo poderia ser indicada como forma de governo ideal para nosso país.
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