Os abaixo inscritos reuniram-se, em sua quase totalidade, na cidade do Rio de Janeiro nos dias 20 e 21 de junho de 2003, dando prosseguimento aos temas e propostas debatidos nos Encontros de São Paulo e de Petrópolis.
A pauta teve inspiração no mesmo espírito de oficina de trabalho e de busca de união de todos os monarquistas brasileiros prevalecente nos dois encontros anteriores.
A necessidade de expor o Movimento Monarquista (MM) a idéias e propostas criativas abriu as portas para visões e caminhos alternativos cujo objetivo último continua sendo a restauração de nossa monarquia num prazo de cerca de 15 anos, tempo mínimo necessário para organizar uma campanha em âmbito nacional e convencer os brasileiros da necessidade de um novo plebiscito.
A abertura do Encontro, foram dadas as boas vindas aos 28 participantes presentes, número esse que representou um avanço de quase 40% sobre o de São Paulo.
Merece registro a expressão geográfica bastante ampliada do Encontro com monarquistas vindos das mais diversas regiões do país. Os estados do Rio de Janeiro, de São Paulo, do Rio Grande do Sul, de Pernambuco, do Ceará, da Bahia, de Alagoas e do Distrito Federal de Brasília estavam representados.
Também estavam presentes lideranças expressivas de diversos movimentos monarquistas atuais e da época do plebiscito de 1993, inclusive quatro círculos monárquicos, todos conscientes da importância crítica de dialogar democraticamente em busca de uma atuação unificada e bem mais incisiva do MM.
A cada um dos presentes foi solicitado apresentar-se, o que permitiu nos conhecer melhor e obter maior interação durante os debates e troca de idéias que se estenderam por dois dias inteiros.
Em função do número expressivo de pessoas que não estiveram presentes ao Encontro de Petrópolis, foi reapresentado o vídeo "A Visão do Futuro". Ali nos foi relembrado que uma visão significativa antecede um sucesso significativo.
Uma das partes mais pungentes do vídeo foi o caso de um psiquiatra judeu, Viktor Frankl, preso num campo de concentração nazista, que decidiu forçar sua mente a pensar em outra direção. Preocupou-se da palestra que faria depois de sair daquele inferno em vida e que receberia o título de "Psicologia do Campo de Concentração".
A constatação mais interessante é que todos que conseguiram sobreviver tinham em mente o que fazer no futuro, quando aquele pesadelo tivesse acabado. Essa poderosa visão do futuro em condições extremamente adversas, com chances mínimas de sobrevivência, salvou-lhes a vida. A lição que fica para nós, monarquistas, é que a visão que temos do futuro acaba determinando nosso "destino".
É preciso ir muito além da posição de apenas manter a chama acesa na luta pelo êxito da Causa. Quem pouco almeja, pouco alcança. Como sabemos, visão com ação tem o poder de mudar o mundo. Em seguida, foi abordado o tema "Monarquia e Geopolítica Brasileira", que focou a falta de perspectivas vivida hoje pelo país, embora registrasse o fato de que o Brasileiro(a) continua verde de esperança, coincidentemente a cor da Casa de Bragança para júbilo de todos nós monarquistas.
Onde falta moral e ética sucumbem as grandes lideranças. Os formadores de opinião admitem que o modelo institucional continua fazendo água. Sem mudanças radicais nas leis eleitoral e partidária, o país continuará a produzir políticos de baixa qualidade.
Foi enfatizada a importância de montarmos uma proposta institucional, de caráter suprapartidário, que contemple uma solução permanente para nossos problemas políticos. E que nos dê ainda um clima de estabilidade propício à retomada do crescimento do País.
Não foi esquecida a questão do marketing da monarquia, um produto que, em função das características que lhe são inerentes, precisa ser muito bem embalado e excepcionalmente apresentado à Nação Brasileira. Foi também abordada a importância de trazer para dentro da luta pela restauração da monarquia uma substancial dose de espírito empreendedor.
Esta palavra tem origem no francês: entre-pre-neur, onde entre signica entrar; pre, antes e neur, centro nervoso. Na definição de Lloyd Shefsky, "empreendedor é alguém que entra em um negócio - qualquer negócio - para formar ou transformar substancialmente o centro nervoso desse negócio."
A mensagem básica é que a luta pela Causa exige uma abordagem nova e criativa, capaz de mostrar uma monarquia moderna e apta a enfrentar os desafios do século XXI.
Trata-se de tarefa que nunca foi tentada antes em condições históricas como as nossas. Foram discutidas as principais qualidades e problemas da personalidade empreendedora como pano de fundo do que nos será exigido para que a Causa tenha, de fato, uma oportunidade real de êxito.
Dentre as características da postura empreendedora que as lideranças e militantes do MM precisam incorporar, várias delas são imprescindíveis para alcançar nossa meta maior da restauração. Iniciativas ousadas e busca de oportunidades são fundamentais. Persistência e comprometimento são também muito importantes.
Outra é aprender a conviver com naturalidade com riscos calculados em nossa atuação política. Busca sistemática de informações, definição de metas (locais, regionais e nacionais) e planejamento revisado periodicamente são outros requisitos a serem seguidos à risca para chegarmos a bom termo.
Criatividade para gerenciar o inesperado é também fundamental. Um exercício de metas SMART (Específica, Mensurável, Alcançável, Relevante e Temporal) foi realizado com base naquelas que foram propostas no Encontro de São Paulo, ou seja:
1. Unir o Movimento Monárquico Brasileiro no plano de suas entidades e militantes;
2. Restaurar a auto-estima, dignidade e honra do(a)s Brasileiro(a)s;
3. Obter recursos financeiros permanentes para dar sustentação à luta pela Causa;
4. Propagar a Causa junto a outros movimentos civis e a todos os segmentos sociais;
5. Tornar real a inclusão social e o exercício pleno da cidadania, em especial do negro;
6. Colocar um príncipe da Casa de Bragança na Chefia de Estado dentro de 15 anos;
7. Intensificar encontros, debates e palestras com não-monarquistas;
8. Criar um Instituto de Formação Monárquica para estruturar seminários e outros temas;
9. Arregimentar formadores de opinião pública em defesa da Causa;
10. Utilizar plenamente os recursos da internet na divulgação da Causa;
11. Dotar o MM de um jornal profissional publicado regularmente e;
12. Tornar conhecida do grande público a proposta político-institucional do MM.
Foi solicitado a cada um dos presentes que atribuísse uma nota de 1 a 5 a cada uma dessas metas, usando como critérios o maior (nota 5) ou menor (nota 1) grau de aderência de cada uma delas aos requisitos de serem específicas, mensuráveis, alcançáveis, relevantes (em termos pessoais) e temporais (com data para acontecer).
Tirou-se depois uma média das notas. De um modo geral, a percepção dos presentes levou-os a atribuir notas elevadas a praticamente todas as metas quanto ao fato de serem específicas, mensuráveis e relevantes.
Quando a régua de medição buscou aferir a questão de a meta ser alcançável e ter data para acontecer (temporal), o otimismo já não prevalecia nas notas dadas. Isso demonstrou a apreensão dos participantes em relação aos requisitos de serem elas alcançáveis e temporais.
Tais dúvidas deixam claro que o verde da esperança dos monarquistas está desbotado. São necessárias iniciativas arrojadas tanto no plano individual quanto no plano da estrutura organizacional do MM. É preciso que haja uma virada histórica na postura adotada até aqui, pois não está conseguindo passar confiança nem mesmo àqueles que já estão engajados na defesa e luta pela Causa.
Quanto aos modelos de gestão do MM, foram apresentados dois tipos polares e as linhas gerais do plano estratégico a ser posto em prática, basicamente o mesmo que já tinha sido debatido no Encontro de São Paulo. Alertou-se para a baixa operacionalidade de um modelo de gestão fortemente hierarquizado.
O risco de surdez das lideranças na estratosfera em relação às bases é evidente.
Simplesmente deixam de ouvir ou, pior, não conseguem ouvir o que está ocorrendo nas bases, involuindo para a progressiva perda de contato com a realidade. Vale registrar que o intuito não foi abolir a hierarquia, e sim, reconhecer a importância de nos colocar em sintonia com uma estrutura de gestão tipo pirâmide achatada.
Ela é recomendada por todas as teorias e práticas bem sucedidas de gestão moderna de qualquer tipo de organização, seja ela privada ou pública, vale dizer, empresa ou movimento político.
A última atividade do primeiro dia do Encontro do Rio de Janeiro foi o debate com o não-monarquista, sr. William Gregory, um experiente consultor com vivência internacional de 30 anos na IBM, que abordou o tema "A monarquia ainda é uma alternativa viável?" A idéia era nos expor a uma visão de fora para dentro sobre a monarquia.
A razão dessa iniciativa era conhecer melhor a percepção que o imenso contingente de não-monarquistas tem a nosso respeito. E construir, a partir dessa enriquecedora experiência, o que precisa ser feito para conquistar o público externo. Encontros de monarquistas apenas com monarquistas nos ensinam pouco sobre quem está do outro lado.
Sem um profundo conhecimento do público não-monarquista, nossa luta fica enfraquecida pela falta de informação de boa qualidade sobre a realidade que teremos de enfrentar para sermos bem sucedidos.De um modo geral, a intervenção crítica do sr. William Gregory foi muito bem recebida pelos presentes. De início, disse gostar de emoções, mas que nós gostávamos ainda mais.
Foi ressaltada sua coragem em participar de um encontro em que assumia sua solitária condição de minoria mínima de um só. Iniciou afirmando que o Brasil do futuro já é plenamente visível em alguns setores a despeito dos problemas que ainda persistem.
Na agricultura, por exemplo, os EUA e a Europa têm medo do Brasil. Nossa vitalidade e produtividade assustam. Frango e soja brasileiros são produtos extremamente competitivos no mercado internacional.
Ano passado, uma missão americana nos ofereceu dinheiro para reduzir a plantação de soja. Internamente, a carne de frango virou um produto de consumo popular por seu baixo preço. O aço brasileiro, sem as barreiras impostas pelo governo americano, levaria ao fechamento de muitas usinas naquele país.
Alertou-nos quanto à desunião, que tornará a nossa luta pela monarquia muito mais difícil. Em sua visão, caso o atual governo se saia bem, será um outro fator a dificultar o nosso trabalho pela restauração. Se tudo estiver bem, mudar para quê? Reafirmou a importância crítica de valorizar e conquistar a população de origem africana no Brasil.
É a favor de fazer justiça histórica a D. Isabel, a Redentora, mas sem deixar de reconhecer a figura de Zumbi dos Palmares. Ao se preparar para o debate, fez o dever de casa visitando os sites monarquistas. Sua experiência profissional anterior na IBM confere credibilidade à afirmação de que o marketing da monarquia vai mal obrigado pelo que pôde constatar.
Sua proposta, baseada em longa experiência de vida pessoal e profissional, é que não adianta agredir os republicanos. A ênfase deve ser nas vantagens da monarquia.
Abandonar a posição defensiva e passar a auto-elogiar-se na defesa da Causa.
Pareceu-lhe também que a solução mais adequada seria lutar primeiro pelo parlamentarismo. Demonstrar as vantagens desse sistema de governo, em especial a possibilidade de pôr fim a um mau governo antes que faça estragos irreversíveis. E sem ter que provar nada na justiça.
A confiança popular no governo é que passa a ser condição de sua sobrevivência.
A ênfase no parlamentarismo num primeiro momento foi muito bem recebido pelos participantes, assim como a necessidade de mudar o marketing e a imagem da monarquia nos sites e junto à opinião pública a ser conquistada. Vender bem a monarquia ao invés de combater e denegrir a república. De nossa parte, aproveitamos para fazê-lo ver que o parlamentarismo funciona muito melhor com a monarquia e que os indicadores econômicos, sociais, culturais e de bem-estar das monarquias constitucionais são imbatíveis no contexto mundial.
O segundo dia do Encontro do Rio de Janeiro dedicou a parte da manhã a um produtivo debate sobre as perspectivas do MM. Houve diversas manifestações individuais, mas a tônica das intervenções girava em torno da reafirmação da busca do diálogo fraterno e da união entre monarquistas e na própria Família Imperial; do reconhecimento da legitimidade dinástica com um Pretendente ao trono com crescente visibilidade política e da importância de avançarmos em termos da gestão organizacional e financeira do MM.
A busca de diálogo entre os diversos segmentos monarquistas foi apontada como um passo fundamental no processo de crescimento do MM. Um outro Encontro de monarquistas, ocorrido poucos dias antes do nosso, na mesma cidade do Rio de Janeiro, serviu de base de meditação para ilustrar o muito que poderíamos avançar se sentássemos em volta de uma mesa para debater nossos muitos pontos em comum e nossas poucas diferenças.
Nossa situação hoje nos faz lembrar de como seria difícil, para não dizer impossível, a vida do montanhista se tivesse que escalar montanhas totalmente lisas. São as reentrâncias e desníveis da rocha, vale dizer, suas diferenças, que dão ao montanhista base de apoio para se segurar e atingir o topo.
Trata-se menos de saber quem tem razão, e bem mais de trocar experiências úteis. Monarquistas mais conservadores em debate com monarquistas mais ousados em suas propostas poderiam se beneficiar de um processo virtuoso de aprendizado mútuo. Dialogar é fundamental.
Um exemplo ilustrativo foi à palestra sobre o que foi feito nos últimos dez anos no MM proferida no Encontro que precedeu o nosso. Pareceu-nos uma resposta legítima ao que foi dita na Carta de Petrópolis em relação à baixa voltagem com que vem funcionando o MM nesse mesmo período. Entretanto a postura de não ver com naturalidade a presença dos signatários das Cartas de Petrópolis e de São Paulo no Encontro impediu-lhes de tomar conhecimento do que foi feito e de fazer uma avaliação crítica.
Mesmo que fosse para voltar atrás. Ou demonstrar, através do debate democrático, que realmente não ocorreu nada de significativo. Ficou, assim, impossível chegar-se a uma justa conclusão porque as partes envolvidas não chegaram sequer a debater suas posições. A publicação de uma ata poderia ser uma primeira aproximação já que, de nossa parte, as cartas vêm divulgando com transparência o conteúdo dos Encontros de Petrópolis, de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Em momento algum do Encontro, foi questionada a legitimidade dinástica de Dom Luiz de Orléans e Bragança e a linha sucessória de seus irmãos, Dom Bertrand e Dom Antonio. E nem se pediu renúncias. O compromisso sugerido em torno dos filhos de Dom Antonio e da Princesa D. Christine decorreu da percepção de um fato histórico singular ocorrido após a promulgação da Constituição de 1988.
Pela primeira vez na história de nossas muitas constituições republicanas, foi abolida a Cláusula Pétrea que nos impedia, e aos príncipes, de fazer propaganda aberta da monarquia. Trata-se da primeira geração de príncipes que não corre o risco de um novo exílio caso assuma a posição política de defender abertamente o regime monárquico.
Esta ameaça sempre pairou sobre as gerações anteriores. A república levou mais de um século para nos dar a plena liberdade de expressão e propaganda política de que os republicanos gozaram ao longo do quase meio século de duração do Segundo Reinado.
O que se debateu intensamente foi este fato novo e seu impacto na condução do MM.
Já no Encontro de São Paulo havia sido levantada a questão de que a Aclamação não cairia dos céus. Que ela teria que ser construída passo a passo, em especial quando a casa reinante não ocupa o trono. Nesse contexto, é preciso conferir ao Pretendente, além da legitimidade dinástica, a legitimidade social.
Existe por trás destas duas palavras um significado muito concreto. Não se trata de um mero jogo de palavras. O Pretendente tem que atuar como homem público, tornar-se conhecido e ser político na acepção mais elevada que essa palavra possa ter.
A geração a que pertence Dom Pedro Luiz está tendo uma oportunidade histórica negada às gerações anteriores de príncipes brasileiros, que não puderam propagar a Causa abertamente devido à proibição estabelecida pela Cláusula Pétrea.
Se este trabalho não for iniciado de imediato, teremos daqui a 15 ou 20 anos um príncipe com 35 ou 40 anos de idade, homem feito, com quem a sociedade brasileira não se identificou ao longo desses anos de sua formação. O Pretendente precisa ser conhecido e reconhecido pelo povo brasileiro.
Esse período de preparação exige que o Pretendente, cada vez mais, faça parte da vida política do país. Que receba uma educação que o prepare para as futuras funções de Chefe de Estado. É preciso trombetear aos quatro cantos que ele está sendo preparado para tal, envolvendo a sociedade brasileira, emocional e intelectualmente nesse processo, nessa ordem.
Dom Pedro Henrique, por mais de uma vez, foi convidado por militares golpistas a assumir o Trono Brasileiro. Sempre recusou tais propostas, deixando claro que só aceitaria caso fosse essa a vontade do povo brasileiro manifestada através de um plebiscito.
Tinha claro que aceitar o trono no bojo de um golpe seria optar por uma monarquia frágil, que poderia voltar a cair facilmente na crista de um novo golpe. Essa mesma preocupação aflorou em nossos debates em relação a um tema correlato: a importância de separar, desde já, no âmbito do MM, as esferas administrativa (liderança do MM) e moderadora (Chefia da Casa Imperial).
Quanto mais próximo um monarca ficar das funções executivas, maior é o risco de desestabilização. Historicamente, essa separação entre Governo e Estado foi bem sucedida ao preservar a figura do monarca do desgaste inerente às funções executivas.
Houve consenso entre os participantes de que não basta restaurar a monarquia. É preciso garantir sua solidez futura. Não seria expondo um príncipe ao exercício de funções executivas que a garantiríamos quando restaurada. Para tal, é indispensável um sólido apoio popular a ser conquistado pelo Pretendente ao longo dos próximos 15 anos.
O PT comprovou que isto pode ser feito em prazo semelhante. Dom Pedro Henrique também tinha clara a importância de saber ouvir, o sacrifício de ser príncipe e o fato de que eles e seus filhos não são donos do Brasil e dos brasileiros.Estes é que são donos da Família Imperial.
Novamente não se trata de mero jogo de palavras. A Família Imperial é a representação viva da Nação Brasileira. O Brasil em carne e osso. E o Brasil pertence aos brasileiro(a)s, assim como os príncipes nos pertencem. Na avaliação dos participantes do Encontro, essa aliança tem que ser resgatada.
A terra tem que ser adubada para que esse sentimento volte a florescer. Cabe à Família Imperial dar seguimento a esse processo natural e legítimo. Saber ouvir certamente inclui a capacidade de conviver naturalmente com as discordâncias, que não podem ser vistas como deslealdade, em especial quando resultam de uma sincera preocupação de colocar o MM em bases viáveis com um marco temporal definido.
Dar-nos prazo para realizar alguma coisa nos transmite um senso de urgência. Sem ele, indivíduos, movimentos e organizações ficam paralisados, sem data para fazer acontecer. A tradição de ouvir nos foi legada primeiramente por Pedro II nas audiências públicas que ocorriam aos sábados no Paço Imperial de São Cristóvão.
Essa tradição de ouvir e dialogar é uma das mais belas heranças que nos foram deixadas pelo Segundo Reinado. Mantê-la nesse momento histórico é mais importante ainda. Quanto a requerer sacrifícios pessoais dos príncipes é duro, mas natural quando está em jogo os interesses maiores da Nação Brasileira.
Dentro da linha legitimista, há que se dar uma resposta a uma questão muito prática: como criar as condições que tornarão o sonho realidade? E estabelecer um compromisso de todos nós, inclusive nossos dinastas, nessa direção. Em nossa qualidade de brasileiros, nos sentimos à vontade para transmitir a nossos príncipes nossa esperança - de um verde intenso - de que saberão agir à altura exigida pela oportunidade histórica única que se nos apresenta.
Para tal, é fundamental que príncipes jovens como D. Pedro Luiz, D. Rafael Antonio, D. Amélia e D. Maria Gabriela Fernanda, num país de jovens, possam construir as bases de sua legitimidade social sem as amarras de uma Cláusula Pétrea imobilizante.
E que lhes seja concedida por seus tios e pai a oportunidade que a geração anterior não teve por lhe ter sido negada pela república, que demorou quase um século para retribuir na mesma moeda corrente do debate democrático que marcou a tradição imperial brasileira.
Nós, presentes ao Encontro do Rio de Janeiro, manifestamos nossa determinação de levar avante a luta pela Causa em esforço conjunto com a Casa Imperial Brasileira.
Manifestamos também nossa fidelidade ao Brasil e aos nossos príncipes, seguindo o exemplo que nos foi legado por Dom Pedro II, nosso Imperador e de nossos dinastas.
Em nosso próximo Encontro, reiteramos os mais vivos votos de que o MM possa se reunir em conjunto sem discriminações de qualquer tipo, abrindo os braços a todos que queiram contribuir para com a Causa. Nosso futuro Imperador tem o dever histórico de ser o Imperador de todos os Brasileiro(a)s, inclusive da oposição leal de Sua Majestade.
Caso isso não seja possível, teremos que trilhar o doloroso caminho de grupos que almejam o mesmo fim sem somar esforços.
O drama atual e a grandeza futura do Brasil exigem nossa união. Exigem um Imperador investido de um Poder Moderador que seja a Voz do Povo. Mais ainda: que seja capaz de dar, além de voz, vez ao Povo.
Que apresente ao País uma proposta institucional ousada para coibir no futuro os desmandos de interesses constituídos à revelia e em prejuízo da vontade popular e do interesse público. Um negro spiritual americano nos conclama: "Segura na mão de Deus e vai". Cabe a todos nós, monarquistas e príncipes brasileiros, segurar firme na mão de Deus e nos darmos as mãos para seguir em frente com todos aqueles que atenderem ao chamado de nosso amado Brasil.
Como nos ensina Luciano de Crescenzo: "Somos todos anjos de uma asa só - só podemos voar abraçados um ao outro".
Rio de Janeiro, 22 de agosto de 2003
- Gastão Reis Rodrigues Pereira
- Mario de Freitas Esteves
- Antonio Henrique Cunha Bueno
- Plínio Magno Coutinho
- Alan Assumpção Morgan
- Bruno Hellmuth
- Jailson Santana da Silva
- Raul Penna Firme Jr.
- Roberto Mourão Figueiredo Silva
- Bruno da Silva de Cerqueira
- Leda Machado
- Galdino Scher Cuchiaro
- Roberto R. Mäder Nobre Machado
- Carlos Alexandre Bertolin
- Luis Severiano Soares Rodrigues
- Walter Jacques Gomes da Rocha
- Luiz Costa de Lucca Silva
- Rosemari Bertolin
- Ivonildo A. Lira de Medeiros da Silva
- Márcia Filomena Ferraz
- Laerte Lucas Zanetti
- Eduardo Xavier
- Paulo Sérgio Ávila Santos
- Gumercindo Rocha Dorea
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