Ser monarquista não é idolatrar príncipes, nem tratá-los como ícones intocáveis, nem fazer deles uma imagem aureolada, tampouco ignorar seus defeitos e fazer vista grossa, só porque são príncipes.
Ser monarquista não é prender-se a paradigmas oxidados, só porque "sempre foi assim".
Ser monarquista não é ser retrógrado e adotar a monarquia só porque a mesma encerra tradições e porque, aos olhos deles, retrógrados, a monarquia é "conservadora".
Ser monarquista é, na verdade, conhecer e considerar precisamente os aspectos da monarquia pelos quais a mesma, por efeito de continuidade, é compatível com as evoluções.
Ser monarquista é saber equilibrar, por seleção, os aspectos benéficos da tradição e da
modernidade, distinguindo com discernimento o que é útil, construtivo e sempre atual daquilo que se tornou ou já começou obsoleto.
Ser monarquista é ser castiço no ponto de vista monárquico, em função daquilo que a monarquia é em essência, sem confundi-la ou associá-la a fatores e aspectos de ordem alheia, sem colocá-la em comparação com elementos que pertencem a outras alçadas, como, por exemplo, contrapô-la à democracia, o que é semelhante a comparar uma roupa a um móvel de sala, tentando ponderar sobre qual dos dois é o "melhor" (porque monarquia ou república são tipos de organização institucional, ao passo que democracia ou autocracia são formas diretas de estabelecer poderes).
Ser monarquista, enfim, é ser politicamente sóbrio, lúcido e desprendido, pelo que se constata que é mister sabermos distinguir os "monarquistas" entre aspas daqueles cuja designação possa ser escrita abertamente, sem as aspas do pedantismo, das associações impróprias, dos conservadorismos acirrados, dos saudosismos idealizadores de um "perfeito" mundo antigo, das manias aristocráticas, das idiossincrasias pseudo-religiosas, das idolatrias principescas, além de muitas outras tendências que nada têm a ver com o sentido fundamental de monarquia.
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