"Nós, os monarcas, somos incontestavelmente constantes em um mundo em constante transformação. Pelo motivo de termos estado sempre aqui, mas também por não nos envolvermos na política cotidiana. Estamos informados das mudanças políticas que acontecem em nossas sociedades, mas não fazemos comentários sobre isso. É nisso que assumimos uma posição única. Nenhum dos outros monarcas europeus interfere na política."

Margarethe II, Rainha da Dinamarca

sexta-feira, 6 de março de 2009

O Exército e a Proclamação da República


Sergio Luiz Tratz


O ano de 1898, para o “Império Brasileiro”, pode ser considerado o ápice de uma década de crises, com um forte agravante: a Monarquia não possuía o respaldo de uma força armada para manter-se no poder. O Exército tinha servido ao Governo Imperial desde a abdicação de D. Pedro I (1831) com lealdade e inquestionável dedicação. Entretanto, com a profissionalização ocorrida durante a Guerra do Paraguai, a Força Militar Terrestre adquiriu uma identidade institucional e não admitia retornar a uma condição de menor prestígio em relação à Guarda Nacional ou às Milícias.

Da mesma forma, a jovem oficialidade colocouse ao lado dos ideais abolicionistas, contrariando o interesse dos grandes proprietários de terra. A conjuntura seria agravada pela série de incidentes entre os militares e autoridades civis, a chamada “Questão Militar”.

O Exército não desejava continuar sendo um instrumento a ser explorado em benefício de interesses pessoais e de partidos políticos, menosprezado como instituição. Todos estes fatores dissociaram a “classe militar” (expressão usada à época) da Monarquia.

Finalmente, a liderança do Marechal Deodoro da Fonseca, Presidente do Clube Militar, e do Tenente- Coronel Benjamin Constant, Professor da Escola Militar da Praia Vermelha, aglutinaram as aspirações de uma mudança estrutural: a República. Assim, o 15 de novembro foi o clímax de um longo processo evolutivo do Estado Brasileiro, capitaneado, naquele momento, pela sociedade militar.


O movimento foi rápido e não sofreu resistência. Para uma melhor compreensão do momento histórico e da influência do Exército na Proclamação da República, transcrevo as palavras de Joaquim Nabuco, notável estadista brasileiro, que assim descreve o início da República:

“No dia em que se proclamou a República, podia- se perceber que a nação queria um governo militar, para poder manter a unidade, porque o espírito militar prevalecia de um canto a outro do País, vale dizer, tinha amplitude nacional e porque era preciso manter parte da antiga tolerância, já que o Exército está acima das ambições pessoais que se expressam nas lutas partidárias e que, sem a monarquia, iriam conduzir o País ao barbarismo.”

O autor é Tenente-Coronel do Exército, historiador militar pela UNIRIO e atualmente comanda o CPOR/São Paulo

3 comentários:

  1. A republica não passou de um golpe militar.....dado por pessoas autoritarias, estudo exercito não existe questões envolvendo espirito militar, pois servir o exercito ainda significava passar necessidades, sem soldos, com castigos corporais um exemplo disso foi a revolta da armada em no seculo XIX e as deserções ainda eram muito um grande problema...

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  2. A Monarquia não se dara sem o apoio do EXERCITO, prescisamos muito fazer do exercito uma FORÇA DIGNA da NAÇÃO com a monarquia e não ter ranco ou magoa pelas desepções nas republicas...

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  3. Adorei o texto! Sinceramente, você conseguiu facilitar o entendimento histórico, não apenas utilizando como respaldo as suas palavras; mas também provando o domínio ótimo da linguagem técnica inerente os assunto, como também apregoando fascículos de demonstrações documentais da época. Muito bom. Adorei...

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