"Nós, os monarcas, somos incontestavelmente constantes em um mundo em constante transformação. Pelo motivo de termos estado sempre aqui, mas também por não nos envolvermos na política cotidiana. Estamos informados das mudanças políticas que acontecem em nossas sociedades, mas não fazemos comentários sobre isso. É nisso que assumimos uma posição única. Nenhum dos outros monarcas europeus interfere na política."

Margarethe II, Rainha da Dinamarca

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Brasil - uma Nação ou um time?



12/06/2010.



Exceto em repartições públicas, nem todas, e em algumas poucas empresas, a Bandeira Nacional aparece durante todos os 365 dias de cada ano, independentemente de qualquer evento. Por isso a pergunta em tom reflexivo, se somos uma Nação ou um time, considerando que as bandeiras aparecem por todo o canto somente durante a Copa do Mundo.

Não se trata de uma crítica ao futebol, tido como parte do axioma “panis et circus” dado por governantes ao povo, como meio de distrai-lo, enquanto governa, ou... “governa”. Até porque, com poucas exceções, é difícil resistir e não assistir a um jogo, especialmente se for dos canarinhos em campo. E não há mesmo alternativa na hora do jogo, pois, todos param, empresas, pessoas, repartições, quase tudo. Mas realmente é de se pensar até onde vai o patriotismo e que tipo de patriotismo temos. E se o temos, enquanto Povo. E se somos um Povo, pois, como dizia Heitor Villa-Lobos, “o Brasil não tem povo, tem público”.

É muito provável que a causa desse fenômeno esteja também no modelo centralista brasileiro. Não é exagero. O centralismo concentra poderes. E os ocupantes do Poder Central têm a natural tendência de equalizar todos dentro de uma faixa mais estreita possível. É algo quase comunista, mas não chega a tanto. Pode até chegar lá, se nada se fizer ao longo de alguns anos. Mas não nos parece o caso brasileiro. Contudo, o modelo de Estado concentra não apenas o poder em Brasília, mas as atenções e tensões de toda a população de um país-continente, deixando em segundo plano os fatos locais, por mais improvável que isso pareça. Observe, caro leitor, e conclua você mesmo.

Essa horizontalização nacional, “lutando pela eliminação das desigualdades sociais” em um “país de todos” anulou a pátria local que é a verdadeira pátria de cada um, pois não se pode exigir que alguém seja patriota pela Amazônia se nunca esteve lá. É a constatação da lógica humana, da sua presença física no lugar onde nasceu ou onde reside, lugar em que foi aceito, tem seu trabalho, sua vida e suas esperanças. O sentido de pátria nacional existe e pode ser fortalecido, mas isso só é possível quando o País não anula o senso de localidade de cada indivíduo, e não o envergonha com governantes e representantes em âmbito nacional e internacional. A pátria é do cidadão, porque o cidadão é da cidade. A etimologia de “cidadão” não aceita que ele seja “nacional”. Aceita, contudo, civismo. E só esse é que pode ter expressão nacional, além da local.

O civismo é fruto do orgulho pela nacionalidade, uma necessidade de todo e qualquer cidadão que vive a sua localidade. Ser brasileiro – ou brasiliano, no gentílico mais apropriado – é ser local, não pode ser massificado, embora sua alma se funda com as dos demais compatriotas, que falam o mesmo idioma, usam a mesma moeda, cantam o mesmo Hino e juram a mesma Bandeira.

O centralismo crônico e doentio deste País distorceu tudo isso, anulou a localidade e seu sentido, tornou o brasileiro uma formiga que trabalha para Brasília carregando pesados impostos e acabou com seu orgulho eliminando sua referência local, em prol do Grande Paizão Federal. O Brasil, País de Todos, anulou o cidadão – da cidade – e o transformou em “todos”, uma massa uniforme, que depende cada vez mais de Brasília. Não se poderia esperar outra coisa. Todos se tornaram um time.

Viva a Seleção!

fonte: www.if.org.br

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