"Nós, os monarcas, somos incontestavelmente constantes em um mundo em constante transformação. Pelo motivo de termos estado sempre aqui, mas também por não nos envolvermos na política cotidiana. Estamos informados das mudanças políticas que acontecem em nossas sociedades, mas não fazemos comentários sobre isso. É nisso que assumimos uma posição única. Nenhum dos outros monarcas europeus interfere na política."

Margarethe II, Rainha da Dinamarca

terça-feira, 13 de julho de 2010

Marquês de Tamandaré

Testamento do Almirante



Exijo que meu corpo seja vestido somente com camisa, ceroula e coberto com um lençol, metido em um caixão forrado de baeta, tendo uma cruz na mesma fazenda, branca, e sobre ela colocada a âncora verde que me ofereceu a Escola Naval em 13 de Dezembro de 1892, devendo-se colocar no lugar que faz cruz a haste e o cepo um coração imitando o de Jesus, para que assim ornado signifique a âncora-cruz, o emblema da fé, esperança e caridade, que procurei conservar sempre como timbre dos meus sentimentos. Sobre o caixão não desejo que se coloquem coroas, flores nem enfeites de qualquer espécie, e só a comenda do cruzeiro que ornava o peito do Senhor D. Pedro II em Uruguaiana, quando compareceu como primeiro dos voluntários da pátria para libertar aquela possessão brasileira do julgo dos paraguaios que a aviltavam com sua pressão; e como tributo de gratidão e benevolência com que sempre me honrou e da lealdade que constantemente a S. M. I tributei, desejo que essa comenda relíquia esteja sobre meu corpo até que baixe à sepultura.

 Exijo que não se façam anúncios e nem convites para o enterro de meus restos mortais, que desejo sejam conduzidos de casa ao carro e deste à cova por meus irmãos em Jesus o Cristo que hajam obtido o fórum de cidadãos pela Lei de 13 de Maio. Isto prescrevo como prova de consideração a essa classe de cidadãos em reparação a falta de atenção que com eles se teve pelo que sofreram durante o estado de escravidão; e reverente homenagem à grande Isabel Redentora, benemérita da pátria e da humanidade, que se imortalizou libertando-os.






Exijo mais, que meu corpo seja conduzido em carrocinha de última classe, enterrado em sepultura rasa até poder ser exumado, e meus ossos colocados com os de meus pais, irmãos e parentes, no jazigo da família Marques Lisboa.



Como homenagem à Marinha, minha dileta carreira, em que tive a fortuna de servir a minha pátria e prestar alguns serviços à humanidade, peço que sobre a pedra que cobrir minha sepultura se escreva:






"Aqui jaz o velho marinheiro".






Almirante Joaquim Marques Lisboa



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 Marquês de Tamandaré


“Honra é a força que nos impele a prestigiar nossa personalidade. É o sentimento avançado do nosso patrimônio moral, um misto de brio e de valor. Ela exige a posse da perfeita compreensão do que é justo, nobre e respeitável, para elevação da nossa dignidade; a bravura para desafrontar perigos de toda ordem, na defesa da verdade, do direito e da justiça .”
Joaquim Marques Lisboa – Patrono da Marinha



O Almirante Joaquim Marques Lisboa, Marquês de Tamandaré, foi indiscutivelmente figura destacada no cenário militar do Brasil durante o Império, principalmente no Segundo Reinado. Ingressou na Marinha de Guerra no alvorecer da Independência, que ajudou a firmar e consolidar. Tamandaré foi uma das colunas resistentes e inabaláveis que, com o grande Caxias, consolidou a Independência Nacional, firmou o Império, resguardando-o da desagregação, implantou o respeito ao soberano, manteve a disciplina nas Forças Armadas, a concórdia e a paz no espírito irrequieto dos brasileiros, do extremo norte ao extremo sul do Brasil, como um dever imperativo do seu sincero patriotismo.


Além das Guerras da Independência, onde esteve embarcado na fragata Nichteroy, participando da épica perseguição a frota portuguesa que deixava a Bahia; comandou navios de guerra da Marinha Imperial no Rio da Prata durante a Guerra Cisplatina, destacando-se na captura do navio argentino Ocho de Febrero. No período regencial cumpriu várias comissões no mar, tomando parte ativa em duas revoluções, a “Setembrizada” em 1831, e a “Abrilada” em 1832, em Pernambuco. E mais adiante participou da Revolta dos Cabanos, no Pará, em 1835. Destacou-se também com intensa participação no combate a Balaiada, movimento que sublevou as Províncias do Maranhão e Piauí entre 1838 e 1841.

O então Capitão-Tenente Joaquim Marques Lisboa, nomeado Comandante da Força Naval em operação contra os insurretos, após estudar a região em que teria que combater, armou pequenas embarcações, que enviadas para diversos pontos dos principais rios maranhenses, combateriam os rebeldes isoladamente ou apoiando forças em terra. Já no Segundo Reinado, como capitão-de-mar-e-guerra, foi o primeiro comandante da fragata a vapor D. Affonso, primeiro navio de guerra de grande porte incorporado pela Marinha brasileira, construído na Inglaterra. No dia da viagem de experiência, salvou, com grande risco de sua vida, de sua gente e de seu navio a tripulação da galera Ocean Monarch, em águas inglesas.

Já no Rio de Janeiro consegue rebocar e trazer para dentro da Baía de Guanabara a nau Vasco da Gama que se achava em perigo fora da barra. No comando deste navio auxiliou na defesa da Cidade de Recife, quando esta foi atacada por insurretos na Revolta Praieira, em 1849.



Como oficial-general, comandou a força naval brasileira no Rio da Prata entre os anos de 1864 a 1866. Atuou no conflito em solo uruguaio, quando exerceu o Comando-Geral das tropas de Marinha na Tomada de Paissandu. Exerceu o comando da Esquadra brasileira na primeira fase da guerra contra o Paraguai quando, para além das vitórias em combate, organizou toda a linha logística necessária para a manutenção dos principais navios da Armada Imperial a tão grande distância de sua sede.



O Almirante Tamandaré veio a falecer na então Capital Federal, Rio de Janeiro, em 20 de março de 1897.



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Viva o Brasil e (re)vivam os BRASILEIROS como Tamandaré!



 
fonte: Instituto D. Isabel I

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