"Nós, os monarcas, somos incontestavelmente constantes em um mundo em constante transformação. Pelo motivo de termos estado sempre aqui, mas também por não nos envolvermos na política cotidiana. Estamos informados das mudanças políticas que acontecem em nossas sociedades, mas não fazemos comentários sobre isso. É nisso que assumimos uma posição única. Nenhum dos outros monarcas europeus interfere na política."

Margarethe II, Rainha da Dinamarca

domingo, 10 de outubro de 2010

Em Defesa do Brasil

O Brasil é um país grande. Não só pela sua extensão territorial, de aproximadamente oito milhões e meio de quilômetros quadrados e sua costa marítima de oito mil quilômetros, mas, também, pelo seu Produto Interno Bruto de um trilhão de dólares e pela sua população de quase 190 milhões de pessoas.


Somente quatro outros poderiam se comparar ao Brasil, quando se leva em conta estes fatores: Estados Unidos, China, Índia e Rússia. Além dessas características, há, porém, uma que cabe destacar. Todos eles, com exceção do Brasil, podem ser considerados “potências espaciais” — ou seja, completaram o ciclo de domínio das tecnologias de foguetes e satélites, que são utilizadas como elementos essenciais para atingir seus objetivos de crescimento econômico sustentável, desenvolvimento social e de política internacional.

É fácil concordar que países do porte do Brasil não podem prescindir de uma capacidade própria de geração de imagens do seu território. Sem isso, não há como fazer avançar as grandes políticas nacionais, sejam as de proteção ambiental, de comércio exterior ou de defesa. Mas é impossível ter imagens de um território tão grande se não o fizermos a partir do espaço.

A economia do setor espacial movimentou no mundo, somente em 2008, algo como 250 bilhões de dólares. A fabricação de satélites e foguetes, os lançamentos, os serviços bancários de financiamento e de corretagem de seguros, os equipamentos de solo para o controle e recepção de dados e imagens, a comercialização desses dados e os serviços de comunicação, mapeamento, localização e de previsão de tempo formam os elos de uma cadeia produtiva dominada por vários países.

Nosso programa espacial, coordenado pela Agência Espacial Brasileira (AEB), autarquia vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), atua para capacitar o Brasil nessas tecnologias, sempre com foco nos grandes problemas nacionais, contribuindo para sua solução, e na utilização do espaço em benefício da sociedade.

A cooperação internacional é direcionada à formação de parcerias de alto valor estratégico, como ocorre com a China, na construção do Satélite SinoBrasileiro de Recursos Terrestres (Cbers) para termos imagens da Amazônia, por exemplo, e com a Ucrânia, com a empresa binacional Alcantara Cyclone Space (ACS), que lançará foguetes ucranianos a partir de nosso centro de lançamentos em Alcântara (MA) com parte dos lucros revertida ao programa.

Além desses projetos, há o desenvolvimento nacional, em satélites de coleta de dados e foguete lançador.

Quando concluído, dará ao país acesso autônomo e garantido ao espaço.

Sejam quais forem os motivos — ter capacidade autônoma de gestão territorial, desenvolver novos nichos comerciais, aumentar o prestígio internacional, prover segurança e defesa nacionais — investir na área espacial tem sido a tendência daquelas nações que querem fazer a diferença no cenário geopolítico e é o caminho para deixarmos de ser apenas mais um país grande e chegarmos a ser um grande país.



CARLOS GANEM é presidente da Agência Espacial Brasileira

fonte: http://www.exercito.gov.br/Resenha/homepage.htm

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