"Nós, os monarcas, somos incontestavelmente constantes em um mundo em constante transformação. Pelo motivo de termos estado sempre aqui, mas também por não nos envolvermos na política cotidiana. Estamos informados das mudanças políticas que acontecem em nossas sociedades, mas não fazemos comentários sobre isso. É nisso que assumimos uma posição única. Nenhum dos outros monarcas europeus interfere na política."

Margarethe II, Rainha da Dinamarca

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

PT versus PMDB menos Programa de Governo


Passada a euforia da vitória e da posse, os primeiros meses de governo são sempre espinhosos – de todo governo, sobretudo o da República. A agenda é extensa e complexa, os problemas não esperam.


As tensões entre o PT e o PMDB fazem parte. Ambos despontam como os maiores dentre os dezesseis partidos que se aglutinam em apoio ao governo e representam interesses em muitos aspectos conflitantes, que se refletem na disputa por ministérios, direção de empresas estatais e quejandos. Seria ingenuidade imaginar que as coisas pudessem transcorrer em clima de harmonia e paz. Entretanto, há que se qualificar a disputa e cingi-la aos limites do bom senso, sob pena de prejudicar o governo. 


A ânsia de petistas e peemedebistas em se fazerem representar em postos considerados importantes e estratégicos não pode nem deve resultar num rebaixamento, sob todos os títulos nocivo, da contribuição dos demais partidos. Se acontecer, será péssimo – para o governo e para o País. PCdoB, PDT, PSB, PRB e outros têm o que apresentar como realizações efetivas a partir das missões recebidas no governo anterior, do presidente Lula, e se mostram credenciados a repetir a dose no atual governo.



Demais, o PT e o PMDB são organizações muito heterogêneas e convivem internamente com contradições que borram seus matizes de esquerda (o PT) e de centro (o PMDB). O predomínio exagerado desses dois partidos no governo, e também na Câmara e no Senado, resultará numa linha centrista que estará muito longe de corresponder às exigências atuais do desenvolvimento do País e às aspirações da grande maioria da população. 



Petistas e peemedebistas – persistindo na postura atual – poderão envolver o governo numa teia pragmática e imediatista, pondo a segundo plano compromissos programáticos. Coteje as declarações de próceres dos dois partidos em meio à disputa pelos espaços no governo e descubra quem, onde e quando justificou tal ou qual pretensão com base no programa de governo. O resultado lamentavelmente é zero (diferentemente do PCdoB, por exemplo, que encaminhou à presidenta Dilma documento contendo propostas para a fase de transição).



Alguém pode ponderar que a presidenta Dilma sabe o que quer e está apta a percorrer os caminhos administrativos necessários. Ninguém pode negar isso. Mas ela terá que “fazer política” o tempo todo, combinando firmeza e habilidade, para conduzir ministros e ocupantes de cargos estratégicos a uma prática coerente e efetivamente produtiva. E o fio condutor há que ter o conteúdo programático tão pouco valorizado por petistas e peemedebistas
.




Luciano Siqueira *
* Médico, vereador em Recife, membro do Comitê Central do PCdoB

Nenhum comentário:

Postar um comentário