"Nós, os monarcas, somos incontestavelmente constantes em um mundo em constante transformação. Pelo motivo de termos estado sempre aqui, mas também por não nos envolvermos na política cotidiana. Estamos informados das mudanças políticas que acontecem em nossas sociedades, mas não fazemos comentários sobre isso. É nisso que assumimos uma posição única. Nenhum dos outros monarcas europeus interfere na política."

Margarethe II, Rainha da Dinamarca

domingo, 8 de maio de 2011

BRASIL MODERNO E ATRASADO


É curioso que uma corte conservadora por natureza tenha uma atitude mais progressista do que a chamada casa do povo. Enquanto o STF (Supremo Tribunal Federal) toma uma decisão histórica, a Câmara dos Deputados está prestes a endossar o atraso.

Ao aprovar a união civil entre homossexuais, o Supremo melhorou o Brasil.

Fernando de Barros e Silva foi muito feliz e inteligente ao escrever hoje (06/05) na Folha

“Não foi apenas uma vitória dos homossexuais. Foi uma afirmação do Estado laico, do espírito democrático e do pensamento progressista. Não é pouco no Brasil”.

Mas, como estamos no Brasil, há sempre chance de piorar. É o que deve acontecer se for aprovado a toque de caixa, na próxima terça-feira (10/05), o novo Código Florestal. O relatório do deputado federal Aldo Rebelo (PC do B-SP) tem mais a cara dos ruralistas do que dos ambientalistas.

Nesta votação do novo Código Florestal, o governo Dilma enfrenta seu primeiro teste político de verdade no Congresso. A vitória na aprovação do salário mínimo foi mais fácil de ser obtida. Enquadrar uma base conservadora, na qual os ruralistas têm peso grande, é outra história.

Com o carimbo de pouco amiga do meio ambiente, sobretudo na arena internacional, a presidente Dilma Rousseff está preocupada com o dano de imagem se for aprovado o código ruralista. O ministro da Casa Civil, Antonio Palocci Filho, tem usado toda a habilidade política que possui para minimizar esse provável prejuízo.

O relatório de Aldo Rebelo, se for a voto como está, deverá contar com o apoio de mais de 300 deputados. O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), não tem atuado de modo neutro. Pende para o lado ruralista.

O governo pode tentar adiar a votação, à espera de um acordo que dificilmente será obtido, ou trabalhar para modificar o projeto da Câmara no Senado. Existe ainda a possibilidade de veto presidencial ao final do processo legislativo.

Para sorte do Brasil, há possibilidade de o novo Código Florestal ir parar no Supremo. Pode ser que lá sejam corrigidos novos erros e omissões do Congresso Nacional.

A frase do ano

O ministro Carlos Ayres Brito, do STF, deu notável contribuição ao léxico quando disse: 

“O órgão sexual é um plus, um bônus, um regalo da natureza. Não é um ônus, um peso, um estorvo, menos ainda uma reprimenda dos deuses”.

Não há almoço grátis

É enorme equívoco dispensar os pequenos agricultores de recompor a área de reserva legal (mata nativa) em suas propriedades. Trata-se de uma visão paternalista e atrasada, essa de que a agricultura familiar e o respeito ao meio ambiente são incompatíveis. Tal “concessão”, para os mais espertos, que poderão fatiar propriedades, é uma forma de driblar a lei.

A coisa está feia

Tem algo errado quando um presidente de Banco Central recomenda diminuir o consumo e aproveitar os juros altos. (Folha)

por:Kennedy Alencar

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