"Nós, os monarcas, somos incontestavelmente constantes em um mundo em constante transformação. Pelo motivo de termos estado sempre aqui, mas também por não nos envolvermos na política cotidiana. Estamos informados das mudanças políticas que acontecem em nossas sociedades, mas não fazemos comentários sobre isso. É nisso que assumimos uma posição única. Nenhum dos outros monarcas europeus interfere na política."

Margarethe II, Rainha da Dinamarca

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O Banco Mundial e a perda da soberania nacional



Análise da dependência do Estado brasileiro em relação às atividades do Banco Mundial. Estudo de caso específico.04/ago/2000

Falando em pós II Guerra Mundial, é impossível deixar de mencionar os Acordos de Bretton Woods. Não porque estes marcaram o fim dos seis anos apreensivos, repletos de mortes e atentados contra a vida característicos de tal acontecimento, mas porque estes marcaram e definiram a nova ordem econômica mundial.

A primeira conseqüência de Bretton Woods chama-se FMI ou, para os leigos no assunto, Fundo Monetário Internacional. Os EUA, em palavras objetivas, criaram o FMI para assegurar o comércio e liderar a economia mundial.

A segunda conseqüência chama-se BIRD (Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento) ou Banco Mundial, o qual podemos definir como o segundo sustentáculo da nova ordem mundial

Criado com a função primária de reconstruir a Europa, o BIRD volta-se, posteriormente, para oferecer recursos aos países subdesenvolvidos ("vulgo economias em desenvolvimento")



O mecanismo é simples, capta os recursos nos países centrais, para promover investimentos em obras de infra-estrutura e desenvolvimento nos países periféricos. Tudo isso com condições facilitadas de pagamento e restituição do empréstimo.

Tudo seria mera cordialidade e compaixão se não levássemos em conta as condicionantes que estão por trás deste processo. A intermediação financeira que o BIRD promove pressupõe uma abertura e direcionamento políticos de acordo com os interesses do país que liberou os recursos. Ou seja, é quase que uma troca de favores – o país empresta o dinheiro e recebe o direito de definir a política a ser adotada por aquele que o recebeu. E este direcionamento, não por acaso, é feito nos moldes de abertura e liberalismo econômico.

É inegável o fato de que o BIRD capta recursos e promove investimentos em áreas carenciais dos países sem condições de praticá-los. Mas será que o preço pago não é muito alto? Atenhamo-nos no contexto brasileiro.

Existe no nordeste do Brasil, mais especificamente no Sergipe, um órgão chamado PRONESE (Unidade de Administração do Projeto Nordeste). A PRONESE tem por finalidade a coordenação, execução, supervisão e avaliação das atividades administrativas, financeiras e técnicas de programas e projetos de desenvolvimento e melhoria social, criados por iniciativa do Estado ou sob os auspícios de acordos com instituições nacionais ou internacionais.

Atualmente esta unidade técnica coordena, operacionaliza e controla a execução do Projeto de Combate à pobreza rural em Sergipe, denominado de Projeto São José, o qual é produto do acordo de empréstimo n.º 3919- BR, firmado entre o Banco Mundial (BIRD) e o Governo de Sergipe. Trata-se de um projeto de natureza social voltado para a realização de investimentos em infra-estrutura, produtivos ou sociais, beneficiando comunidades rurais pobres e cidades com população abaixo de 7.500 habitantes.

O Projeto São José é apenas um dos vários outros que são realizados por meio de empréstimos entre os governos estaduais e o Banco Mundial. Faz-se necessário esclarecer que, no caso de um empréstimo desse tipo, o governo federal é responsável. Ou seja, é praticamente uma dívida da União. E as exigências recaem sobre o país como um todo.

Todas as vezes que os nossos políticos se lembram de um projeto como o São José, eles se lembram que devem isso ao BIRD, ou melhor, lembram-se que devem isso ao país que indiretamente liberou o empréstimo. É justamente nesse ponto que o Brasil tem a sua política e economia vinculadas aos interesses externos. As portas abrem-se para empresas multinacionais, o Congresso aprova leis que as favoreçam, o governo adota medidas liberalistas e por aí se segue.

O fato é que, indiretamente, a população e a própria economia do país acabam por sentir os efeitos dessa política. As empresas nacionais se enfraquecem, são incorporadas por multinacionais, o desemprego se instala, a carência social aumenta. E nesse ponto, precisamos de mais empréstimos para solucionar os problemas sociais que nos incomodam. 





O Banco Mundial é novamente acionado. Um novo empréstimo é feito e o ciclo continua.

Esse é o verdadeiro efeito da política BIRD. A dependência torna-se cada vez mais enraizada e menos visível, pois julgamos que estamos sendo ajudados e socorridos. Enquanto isso, as rédeas do país estão nas mãos de empresas e governos estrangeiros cada vez mais poderosos, que regem um hino ao planejamento a longo prazo que o país tem que traçar.

Eis o porque da incandescência social que vive o Brasil. No qual a impopularidade do governo cresce em índices exponenciais e a incerteza da democracia reflete-se por meio de ovos na cabeça de ministro.

E para controlar a convulsão social que se instala, resta ao governo investir em obras sociais por intermédio de empréstimos junto ao Banco Mundial. Ironia ou não, o Brasil acaba caindo cada vez mais nas garras do capital internacional e perdendo a sua soberania.

Neste contexto, o artigo 1º da nossa Constituição Federal, Carta Magna do país, acaba por perder o sentido ao relatar, em seu parágrafo único, que "Todo poder emana do povo (...)"



Na verdade, o real poder do Brasil emana do capital estrangeiro que está inserido não só nas veias da nossa economia, mas também nos corredores do nosso Congresso. 

2 comentários:

  1. O financiamento Publico de Campanhas Eleitorais é uma proposto a ser considerada.

    Nossos representantes seriam mais independentes, e não ficaria a merce de Banqueiros, Empresários, Fazendeiros etc.

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