"Nós, os monarcas, somos incontestavelmente constantes em um mundo em constante transformação. Pelo motivo de termos estado sempre aqui, mas também por não nos envolvermos na política cotidiana. Estamos informados das mudanças políticas que acontecem em nossas sociedades, mas não fazemos comentários sobre isso. É nisso que assumimos uma posição única. Nenhum dos outros monarcas europeus interfere na política."

Margarethe II, Rainha da Dinamarca

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Por uma educação digna de nota


O Brasil passa hoje por uma fase na qual empresários que se notabilizaram pelos conglomerados que construíram a partir das últimas décadas do século passado se afastaram do dia a dia corporativo e decidiram canalizar seu empreendedorismo em projetos cujos lucros rendem mais dividendos ao país que às suas empresas, algo parecido com o que já acontece há muito tempo nos Estados Unidos, com as fundações criadas por bilionários com objetivos benemerentes – ainda que apoiados numa legislação mais favorável que a brasileira nesse aspecto.
Pode-se alegar que, depois de ganhar tanto dinheiro, esses empresários estariam expiando algum tipo de culpa ao criar instituições que pesquisam a prevenção de moléstias letais, financiam ajuda a populações desamparadas, mantêm escolas de prestígio, etc.
Também pode-se interpretar nessas atitudes uma forma de associar a marca das empresas de sua propriedade a causas capazes de angariar a simpatia do mais incrédulo consumidor existente na face da Terra.
É bem possível que essas suspeitas não sejam infundadas. Ter atitudes de responsabilidade social, algo que deveria ser inerente ao ser humano, passou a ser encarado como um instrumento de marketing porque grande parte das empresas faz isso mesmo – marketing – quando resolve investir tempo e dinheiro num projeto dessa natureza, bate bumbo para anunciá-lo e o joga ao ostracismo quando os holofotes da mídia se apagam.
É possível, igualmente, que empresários bem-sucedidos que se recolheram aos aposentos de sua casa de campo não conseguem deixar de lado seu espírito empreendedor e se autodesafiam a aplicá-lo em metas mais difíceis de alcançar que as do mundo corporativo, como, por exemplo, desenvolver métodos de ensino inovadores.
Na página 4 desta edição de Brasil Econômico, a repórter Regiane de Oliveira descreve uma iniciativa da Fundação Lemann com essa finalidade e a ambição de formar os futuros ministros do governo brasileiro.
A entidade é mantida por Jorge Paulo Lemann, fundador do Banco Garantia e acionista de colossos industriais como a Anheuser-Busch Inbev – fabricante da cerveja Budweiser – e da rede de restaurantes de comida rápida Burger King. A fortuna de Lemann tem a dimensão do apreço que o empresário demonstra pela discrição.
A ribalta da imprensa não faz parte do seu show. (Um índice que mede quão avesso é a entrevistas são as raras fotos que se publicaram dele.)
Dinheiro e projeção socioeconômica não são mais necessários a Lemann. Se pelo menos um pouco de seu êxito como empresário migrar para sua contribuição no sentido de melhorar a educação brasileira e a administração pública, o país contará com profissionais pelo menos mais comprometidos com o país.
 Costábile Nicoletta

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