"Nós, os monarcas, somos incontestavelmente constantes em um mundo em constante transformação. Pelo motivo de termos estado sempre aqui, mas também por não nos envolvermos na política cotidiana. Estamos informados das mudanças políticas que acontecem em nossas sociedades, mas não fazemos comentários sobre isso. É nisso que assumimos uma posição única. Nenhum dos outros monarcas europeus interfere na política."

Margarethe II, Rainha da Dinamarca

segunda-feira, 1 de julho de 2013

A plebe e a nobreza

Era uma vez um reino governado por um monarca autoritário. Oprimia e mandava prender, torturar e matar quem lhe fizesse oposição. O reinado de terror prolongou-se por 21 anos. O povo reagiu, denunciou as atrocidades, e o tirano teve que abdicar da coroa. Vários de seus ministros ocuparam o trono, mas as condições econômicas da população não melhoraram nem quando foi criada a nova moeda, o real.

Insatisfeita, a população conduziu ao poder um dos seus. O novo rei combateu a fome, porém favoreceu também os negócios dos nobres e deixou de dar ouvido ao povo, que se locomovia em carroças apertadas e pagava caro pelo transporte precário. As escolas pouco ensinavam, e os cuidados com a saúde eram inacessíveis.

O castelo isolou-se do clamor das ruas, sobretudo depois que o rei abdicou em favor da rainha. Foi então que a Corte promoveu os Jogos Reais. Arenas magníficas foram construídas, e o tesouro real fez a alegria e a fortuna de muitos súditos fiéis.

A população, inconformada com o alto preço dos ingressos e dos bilhetes de transporte em carroças, ocupou caminhos e praças. Pesou ainda a indignação frente à corrupção. O povo queria mais: educação de qualidade; saúde assegurada a todos; controle da inflação.

A rainha, assustada, buscou conselhos junto ao rei que abdicara. Os preços dos bilhetes de carroças foram reduzidos. O reino, em meio à turbulência, lembrou que o povo existe e prometeu dialogar com representantes da população. Nobres de oposição ameaçam tomar-lhe o trono.

A esperança é que o clamor popular encontre ouvidos no castelo, e as demandas sejam atendidas.

Sobretudo, que se ouça a voz dos jovens que ainda não sabem como transformar sua indignação e revolta em propostas e projetos de uma verdadeira democracia.

Frei Betto é escritor, autor de ‘Aldeia do silêncio’

Um comentário:

  1. Kd os principes deste país, enquanto o povo luta eles esperam. Esperam o que? Um povo que nem os conhecem, depois não reclamem que não tiveram a oportunidade de voltar por cima, vcs estão perdendo a oportunidade unica!!!

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