"Nós, os monarcas, somos incontestavelmente constantes em um mundo em constante transformação. Pelo motivo de termos estado sempre aqui, mas também por não nos envolvermos na política cotidiana. Estamos informados das mudanças políticas que acontecem em nossas sociedades, mas não fazemos comentários sobre isso. É nisso que assumimos uma posição única. Nenhum dos outros monarcas europeus interfere na política."

Margarethe II, Rainha da Dinamarca

terça-feira, 3 de agosto de 2010

RELATÓRIO DA Iª JORNADA CONJUNTA DAS ORGANIZAÇÕES MONARQUISTAS DO BRASIL


Objetivos.


O estímulo para a convocação de uma reunião das lideranças das diferentes organizações monarquistas do Brasil nasceu do sentimento generalizado da imperiosa necessidade de maior união entre estas, assim como uma melhor organização do movimento. Estas são condições essenciais para um crescimento sustentado da luta pela Causa, que possa culminar na restauração do Império Brasileiro.

Merece destaque o fato de que o advento das novas ferramentas da Internet, em particular os sítios de relacionamento, vem propiciando um crescente recrutamento de novos militantes, na maioria jovens, o que vem permitindo uma muito bem-vinda renovação de nossas fileiras. Estava na hora de uma interação presencial de representantes destes jovens com militantes mais experientes.

Além disso, havia também a necessidade específica de uma maior aproximação dos monarquistas com os dirigentes da organização Pró-Monarquia, tendo em vista a sua natural função de elo entre aqueles e a Casa Imperial. A Jornada, portanto, teve como objetivo precípuo, lançar as bases para uma maior união, a discussão de um modelo de organização nacional e de estratégias para um crescimento mais acelerado do Movimento Monarquista.


Antes da abertura dos trabalhos, foi observado um minuto de silêncio, como manifestação de luto coletivo pelo recente desaparecimento de S.A.I.R. Dom Pedro Luis de Orleans e Bragança






Desenvolvimento dos trabalhos


Conforme a pauta pré-estabelecida, o Presidente da Jornada eleito por unanimidade, Dr.Rubens Brito, abriu os trabalhos com breve saudação aos presentes. Recomendou, em especial, o bom entendimento e o ambiente de união e fraternidade entre os presentes. Enfatizou a busca da unidade na diversidade, em respeito às visões diferentes mas covergentes quanto ao objetivo maior da restauração da Monarquia.

Em seguida o Dr. Roberto Mäder Machado apresentou um breve retrospecto da história do Movimento Monárquico no novo milênio. Ao longo do dia foram proferidas três palestras:



Uma nova estratégia para o Movimento Monárquico: Petrópolis como foco de irradiação da Causa – Prof. Gastão Reis.


 A experiência do proselitismo através do Orkut e dos sítios na Internet. – Sr. Waldyr Henrique Bene.

A importância das eleições de 2010 para o Movimento

Monárquico. Uma oportunidade para a união.-Dr. Bruno Hellmuth





Cada palestra foi seguida de vivas discussões, dando oportunidade aImportantes contribuições por parte de diversos congressistas: Srs.Tarcísio Collyer, Mauro Wu, Fernando Bolzoni, Gustavo Cintra do Prado, Ciro Davino, Laerte Lucas Zanetti, Alan Morgan, João Alfredo Castelo Branco, Cássio Ravaglia, entre outros.






Breve retrospecto.


Para registro histórico, vale a pena relembrar que, após o plebiscito de 1993, a discórdia e, sobretudo, o desencanto que grassaram entre as principais lideranças, praticamente desmobilizaram muitos dos que se dedicaram à luta, retornando o ativismo monárquico ao status quo ante bellum, ou seja, ao que era antes da motivação plebiscitária, e assim se mantendo por quase dez anos.

Apenas a organização Pró-Monarquia manteve atividades regulares neste período. Foi com o desenvolvimento da Internet, que alguns antigos e novos militantes voltaram a se relacionar, inicialmente de forma virtual, e, mais adiante, a partir de 2002, marcando Encontros formais.

Destes eventos resultaram as conhecidas Cartas de Petrópolis, de São Paulo e do Rio de Janeiro, nas quais procurou-se estabelecer estratégias, conceitos e metas que pudessem racionalizar os esforços em prol da Restauração.

Algumas das propostas verbalizadas nestas Cartas permanecem válidas, destacando-se a recomendação de aproximação dos monarquistas aos parlamentaristas e aos movimentos negros, assim como a convocação dos Príncipes dinastas mais jovens para grandes eventos sociais, tendo em vista a meta estabelecida de restaurar a monarquia no final da segunda década deste milênio.

Tendo este pequeno grupo de partícipes se deparado com fortes resistências , ainda decorrentes do citado clima de discórdia, algunscomponentes daquele grupo encetaram, a partir de contatos diretos e francos com a Chefia da Casa Imperial e com o grupo do Pró-Monarquia, um trabalho persistente de intermediação e de desarmamento de espíritos, cujos bons resultados, felizmente, garantiram a realização e o sucesso desta Iª Jornada Conjunta.






União e organização do Movimento


Já ao longo das primeiras discussões do dia, chegou-se rapidamente ao consenso de que a almejada união geral dos monarquistas é plenamente viável e natural a partir do firme apoio à legítima Casa Imperial do Brasil, encabeçada por Dom Luiz de Orleans e Bragança.


Espera-se dos correligionários que, doravante se evitem críticas tanto a D. Luiz, como a seus sucessores. O Movimento Monarquista como um todo deverá melhor se beneficiar explorando as virtudes, as habilidades e pontos fortes dos dinastas, que são bem conhecidos pelos que lhes são mais próximos.



Uma vez estabelecido o propósito de união interinstitucional e nacional, a discussão evoluiu naturalmente para o modelo de organização a se montado.



Foi lembrado, na palestra do Prof. Gastão Reis, que, na época do plebiscito, a urgência da campanha obrigou a uma organização de cima para baixo (top-down), com a nomeação de presidente nacional, lideranças estaduais, liderados, formando uma estrutura do tipo pirâmide, com o grosso da militância representada na base da mesma.

No presente momento, não havendo plebiscito com data marcada, parece mais adequada a organização de baixo para cima, com as entidades e militantes avulsos unindo-se no nível municipal, a seguir estadual e depois nacional (bottom-up), numa formação do tipo pirâmide achatada, menos hierarquizada, no intuito de melhor preservarmos linhas ágeis de comunicação entre lideranças e liderados. Curiosamente, a descrição deste modelo evocou uma analogia com o princípio da subsidiariedade, bem citado e defendido pela Chefia da Casa Imperial de há muito.






Estratégias e ações propostas.


Diante das fortes evidências da eficiência do proselitismo monárquico através das comunidades virtuais na Internet, destacando-se o ativismo dos militantes da Associação Causa Imperial; considerando-se que este é o meio de comunicação que mais cresce em utilização no Brasil, principalmente entre jovens de 16 a 25 anos e, considerando ainda o seu baixo custo, este deverá continuar sendo a principal forma de divulgação dos ideais monarquistas, existindo ainda um considerável potencial a ser melhor explorado.

Ao lado dos fóruns do Yahoo, os filmetes de nosso interesse armazenados no Youtube, os sítios da ACI, do Pró-monarquia, e do Brasil Imperial, entre outros, são as comunidades de relacionamento no Orkut, que tem alcançado o maior sucesso na atração do novos simpatizantes, sendo que novas frentes se abrem com o Facebook e o Twitter e devem ser intensamente exploradas.


Foi fortemente recomendado, tanto aos militantes que participam destas comunidades, como aos demais, que se tenha uma preocupação constante de induzir o público alvo a identificar o Movimento Monárquico com a defesa de práticas democráticas, de tolerância e aceitação da diversidade cultural, religiosa, étnica e política. Deve-se trabalhar o conceito da autoestima nacional ligada ao Brasil Império e sua derrocada na república.

Lembrar que, o ideal do branqueamento do Brasil surgiu logo após o golpe de 1889. O Sr. Tarcísio Collyer lembrou como importante tema de campanha a defesa e o enaltecimento daqueles personagens que consideramos os pais da nossa pátria. Citou como exemplo o Imperador Dom Pedro I, muito citado como dirigente de caráter ditatorial, mas que, na verdade se constituiu no grande vulto histórico que dotou duas nações de suas respectivas constituições.


Foram citadas duas obras de recente edição, que poderão fornecer valiosos subsídios, principalmente aos militantes mais jovens:



O Ponto de Virada, de Malcolm Gladwell (Ed. Sextante), e A Estratégia de Barack Obama, de Barry Libert e Rick Faulk (Ed. Campus).

A Primeira demonstra, na linha da teoria da complexidade, como uma gota d’água (nós no caso) pode causar um maremoto. E a segunda, a importância da Internet na eleição de Barack Obama para Presidente, inclusive no levantamento de fundos que lhe permitiu enfrentar o candidato republicano com mais recursos oriundos de pequenas mas volumosas contribuições do povo americano em geral. A intensificação desta estratégia está aberta à iniciativa do Movimento Monárquico.


Foi enfatizado, pelo Sr. Tarcísio Collyer, o grande sucesso de alguns eventos relativamente recentes, organizados pelos correligionários do Rio de Janeiro, como a visita de S.A.R. Dom Antônio à cidade Santo Antônio de Pádua, por ocasião das festas dos 126 anos de sua emancipação, e a presença de S.A. I.R. Dom Bertrand nas comemorações dos 200 anos da fundação da Polícia Militar do Rio de Janeiro, quando a esta foi outorgado o título de Imperial.

Tais fatos colocaram em evidência dois importantes conceitos. Em primeiro lugar, a noção da imprescindibilidade da participação dos Príncipes dinastas nos grandes eventos preparados pelas nossas entidades, nas festas comemorativas das datas nacionais e, mais importante ainda, nas prestações de solidariedade a vítimas de grandes catástrofes.

É evidente a necessidade do empenho dos Príncipes jovens, nestes eventos, como já foi acima comentado. Em segundo lugar, mas não menos importante, é a conclusão a respeito da maior eficácia dos eventos com a presença de Príncipes realizados nas cidades de médio e pequeno porte do interior.



Nesta linha, foi apresentada a proposta de fazermos da Imperial Cidade de Petrópolis – a qual, na verdade corresponde mais a um prolongamento da região metropolitana do Rio de Janeiro, do que propriamente uma cidade interiorana – um potente foco de irradiação do monarquismo no Brasil.

Esta cidade, que servia de capital do país durante quase seis meses a cada ano durante o Segundo Reinado, oferece algumas características bastante interessantes, tais como a quantidade de construções históricas que evocam a fase mais brilhante do Império, em especial o Palácio/Museu Imperial, o mais visitado do país.

A Fundação de Cultura e Turismo, que atua como Secretaria de Turismo de Petrópolis, atenta a este potencial, vem investindo no aproveitamento turístico dos prédios históricos da cidade, tendo restaurado o nome tradicional do Teatro, que voltou a se chamar Dom Pedro e na reabertura da casa da Princesa Isabel, prevista para breve.

A revitalização da ligação Rio-Petrópolis via barca e trem, que está em avançados estudos (ver Movimento de Preservação Ferroviária) colocará em grande evidência na mídia a primeira ferrovia construída na América do Sul, pelo Barão de Mauá, e que foi o ponto de partida da construção de uma das maiores redes ferroviárias do mundo, na segunda metade do séc. XIX.

Este projeto deverá ser integrado a outro de maior porte, que é a inadiável despoluição da Baía de Guanabara. A restauração desta via de acesso a Petrópolis, deverá fortalecer a cidade como atração turística de primeira linha para os visitantes que acorrerão ao Rio de Janeiro em grande número, por ocasião dos grandes eventos previstos para os próximos anos: os Jogos Militares Internacionais, em 2011, a Copa das Confederações, em 2013, a Copa do Mundo, em 2014, e, quiçá, as Olimpíadas em 2016.

Serão excelentes oportunidades para a divulgação da nossa Causa. Deveremos investir na formação de guias e recepcionistas capazes de transmitir informações que enalteçam a nossa história monárquica e os seus grandes vultos.


O fato de S.A. R. Dom Antônio e família residirem na cidade facilita sobremaneira a sua participação em eventos e ações sociais na região serrana, o que recomenda uma concentração de ações nesta área geográfica que poderá se irradiar para o resto do país.

Cabe relembrar que Petrópolis foi uma cidade pioneira em fatos marcantes de nossa história, como a primeira ferrovia, a primeira estrada de rodagem, as primeiras fábricas, tendo mesmo produzido nosso único Prêmio Nobel (Medicina-1960), Peter Brian Medawar, que lá nasceu, viveu e estudou até os 14 anos, quando foi para a Inglaterra.

Esta tradição de pioneirismo bem poderá ser exercida, mais uma vez, como pedra fundamental da restauração da Monarquia e de nosso compromisso de recolocar o Interesse Público em primeiro lugar em nosso país. Finalmente, tendo em vista nossas limitações em termos de recursos humanos e financeiros, afigura-se como bastante recomendável uma especial concentração de nossos investimentos nesta Cidade Imperial, pelos frutos extraordinários que esta decisão estratégica poderá gerar para o triunfo da Causa.


A última proposta apresentada durante a Jornada, pelo Dr. Bruno Hellmuth, foi a de uma estratégia a ser adotada desde já pelos monarquistas, visando obtermos as melhores vantagens possíveis nas eleições nacionais de 2010, oportunidade ímpar, que não podemos desperdiçar. Uma das principais causas da crônica falta de recursos do Movimento Monárquico, é o fato de nunca termos sido reconhecidos como força política relevante.

Exatamente devido a este entendimento é que é recorrente a apresentação da idéia de fundarmos um partido monarquista. No entanto, em razão dos importantes pontos fracos ligados a esta propositura, esta não tem merecido acolhida pela maioria. Uma alternativa lógica que se coloca, é a eleição de políticos de diferentes partidos, mas comprometidos com a nossa Causa.


Sugerimos perseguir a meta de contribuir substancialmente para a eleição de pelo menos 3 ou 4 Deputados Federais (DF) e igual número de Deputados Estaduais (DE). Os monarquistas do Estado de São Paulo farão campanha pelo candidato a reeleição para DF já identificado e que esteve presente na Jornada. O Rio de Janeiro, por sua vez, já tem escolhido o candidato a DE, ligado à Causa.

Nos outros Estados, que contam com bom contingente de militantes (SC, PR, RJ, MG,BRA, PE e CE) os membros das diferentes organizações escolherão em conjunto entre os políticos com boas chances, independente de que partido, aquele/a que merecerá o apoio de todos. Consideramos fundamental a união de todos na campanha por um candidato a DF e por um a DE por Estado, afim de garantirmos as eleições de pelo menos este número mínimo.

Foram sugeridos como critérios de seleção, que os candidatos, não sendo monarquistas, não tenham nódoas, não estejam comprometidos com ideais conflitantes com os nossos, estejam inclinados para o parlamentarismo para uma Reforma Política que favoreça a evolução para esta forma de governo, e que tenham boas chances de se eleger.


Houve o entendimento de que esta estratégia é viável com as atuais regras eleitorais, ou seja, com o voto proporcional vigente, recebendo enfático apoio do DF presente no evento. Em caso de sucesso, isto é, se a partir de 2011 pudermos contar com uma bancada de 3 ou mais DF, e, paralelamente mantivermos um continuado crescimento no número de militantes, chegaremos com grande força e respeitabilidade às eleições de 2014.

Importantíssimo ressaltar, que o apoio às candidaturas, por questões óbvias, não deverá ser dado em nome de qualquer entidade monarquista, nem mesmo deverá ser revelado que determinado político é candidato dos monarquistas. Por enquanto esta relação deverá ser mantida em segredo em comum acordo entre monarquistas e candidatos, afim de evitarmos a formação de frentes rejeição. Contando com uma bancada, como acima descrito, teremos facilitados os patrocínios de projetos culturais de nosso interesse, de convites aos Príncipes para eventos importantes, com todas as conseqüências vantajosas daí decorrentes.


O Deputado Federal Paes de Lira, convidado especial do evento, ao usar a palavra, enfatizou a necessidade de se agir como um bloco unido, para não darmos flancos aos opositores para nos atacarem e dividirem , bem como a necessidade de se ter urgência na organização do Movimento Monarquista em face da próxima Reforma Política, ocasião ímpar para atuarmos em defesa das nossas propostas.


A segunda, a terceira e outras Jornadas Conjuntas das Organizações Monarquistas se impõem como instrumento de consolidação de nossa união. A formação de um Conselho Nacional representativo das diversas entidades monárquicas, em futuro próximo, deverá ser um passo fundamental para montar uma ação articulada do Movimento Monarquista em estreita união com nossos Príncipes. Após 120 anos De república sem Res Publica, a construção da legitimidade social de nossos dinastas é obra de longa duração a ser refeita.



A Jornada foi encerrada pelo Dr. Rubens Vuono de Brito, que lembrou de forma brilhante a natureza do Brasil em todas as suas expressões, à qual se adequa bem mais o regime monárquico que o republicano, conclamando a todos a dar prosseguimento ao importante passo na direção da união e de melhor organização ora dado.



Estiveram presentes na Jornada:



Rosely Pompeo



Norilene Ramalho



Rubens Vuono de Brito

Mauro Wu



Roberto Ricardo Mäder Machado

Laerte Lucas Zanetti



Gustavo Cintra do Prado



José Guilherme Beccari



Ciro Davino



Waldyr Henrique Bene



Charles van Hombeeck



Gastão Reis Rodrigues Pereira



Tarcísio Collyer



Fernando Bolzoni



Bruno Hellmuth



Antonio Henrique Cunha Bueno



Kristian Rupp Mancilla



Deputado Federal Paes de Lira



Cássio Ravaglia



João Alfredo Castelo Branco

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