" (...) Enviou-se a Deodoro um emissário, que voltou às duas horas da madrugada, dizendo que aquele já se considerava irrevogavelmente Presidente da República...
-...Pela manhã do dia 16, ainda algumas pessoas puderam entrar ou sair do Palácio. Ouvia-se constantemente a cavalaria cercando o edifício, e dispersando os ajuntamentos. Por volta das dez horas, ninguém mais pôde entrar. Víamos, às vezes, embora pouco olhássemos pelas janelas, pessoas conhecidas, que de longe nos cumprimentavam. Que dia horrível!
-...Pela manhã do dia 16, ainda algumas pessoas puderam entrar ou sair do Palácio. Ouvia-se constantemente a cavalaria cercando o edifício, e dispersando os ajuntamentos. Por volta das dez horas, ninguém mais pôde entrar. Víamos, às vezes, embora pouco olhássemos pelas janelas, pessoas conhecidas, que de longe nos cumprimentavam. Que dia horrível!
Às duas horas chegava a comissão do Governo Provisório, anunciada desde a véspera com uma mensagem para meu pai, exigindo-lhe a saída do país. Compunha-se ela do major Solon e de outros oficiais inferiores. Tão perturbado estava Solon, ao entregar o documento a meu pai, que o chamou de Vossa Excelência, Vossa Alteza, e Vossa Magestade...
É impossível dizer o que se passou em nossos corações. A idéia de deixar os amigos, a Pátria, tanta coisa que prezo e que me relembrava a felicidade que desfrutei, fêz-me ciar em pranto.
À noite fomos repousar, e algumas pessoas tiveram permissão de sair para os arranjos da partida. À uma hora acordaram-me. Supus ser o General Lassance, que se ocupa, desde muito, e com bastante devotamento, de todos os nossos negócios. Era efetivamente ele, acompanhado dos generais Mallet e Simeão, pedindo, da parte do Governo Provisório, que meu pai partisse antes do romper do dia, pois temia-se qualquer manifestação do povo, estando os estudantes da Escola Militar armados de metralhadoras para atirar em quem resistisse...
É impossível dizer o que se passou em nossos corações. A idéia de deixar os amigos, a Pátria, tanta coisa que prezo e que me relembrava a felicidade que desfrutei, fêz-me ciar em pranto.
À noite fomos repousar, e algumas pessoas tiveram permissão de sair para os arranjos da partida. À uma hora acordaram-me. Supus ser o General Lassance, que se ocupa, desde muito, e com bastante devotamento, de todos os nossos negócios. Era efetivamente ele, acompanhado dos generais Mallet e Simeão, pedindo, da parte do Governo Provisório, que meu pai partisse antes do romper do dia, pois temia-se qualquer manifestação do povo, estando os estudantes da Escola Militar armados de metralhadoras para atirar em quem resistisse...
Nunca meu pai teria consentido nesta partida prematura, se não estivesse convencido da inutilidade de qualquer resistência que só iria derramar, inutilmente, sangue... Graças a Deus chegaram a tempo as crianças, que na véspera fizemos vir de Petrópolis, embarcando conosco no " Parnaíba "...
Deixamos a barra do Rio de Janeiro a 17 de novembro de 1889. Às oito da noite, apesar da escuridão e do mar agitado, passamos para o " Alagoas ", apavorados com esse embarque, principalmente por causa do mau estado das pernas de minha mãe... Partimos à meia noite da Ilha Grande em direção à Europa, passando ainda uma vez diante do querido Rio de Janeiro, no dia 18 às seis e meia da manhã.
Deixamos a barra do Rio de Janeiro a 17 de novembro de 1889. Às oito da noite, apesar da escuridão e do mar agitado, passamos para o " Alagoas ", apavorados com esse embarque, principalmente por causa do mau estado das pernas de minha mãe... Partimos à meia noite da Ilha Grande em direção à Europa, passando ainda uma vez diante do querido Rio de Janeiro, no dia 18 às seis e meia da manhã.
Veionesse dia, ao nosso encontro, o encouraçado " Riachuelo " para guardar-nos. Estavam conosco a bordo do " Alagoas " : a Baronesa de Fonseca Costa - dama de minha mãe, o Conde de Aljezur - camarista do meu pai, o Conde de Mota Maia, médico de meus pais - Manuel da Mota Maia, seu filho mais velho, o Barão e a Baronesa de Muritiba, o Barão de Loreto, o engenheiro Rebouças - que fez questão de acompanhar meu pai - Mr. Stoll, a serviço de meus filhos - as duas criadas de quarto de minha mãe, minhas duas criadas de quarto, os dois criados de quarto das crianças, e o nosso querido papagaiozinho do Pará, fiel companheiro de vinte anos.
Aos que me acompanharam, a todos os que deixamos e que nos cercaram de tanto devotamento e aflição nesses terríveis dias, minha melhor saudade e simpatia sincera! "
O relato acima, extraído das notas autobiográficas de D. Isabel, foi compilado do livro " A Princesa dos Escravos " de Dinah Silveira de Queiroz, Rio de Janeiro, Gráfica Record Editora S.A. pp. 131-133.
Quarenta dias após a ré pública, num quarto de hotel da cidade do Porto, em Portugal, morreu a Imperatriz em conseqëncia do trauma sofrido quando do embarque forçado para o exílio. Suas últimas palavras foram:
" - BRASIL, TERRA LINDA! NÃO POSSO LÁ VOLTAR! "
Sobre ela o Imperador escreveu:
" Foi uma crueldade e eu a causa, por me ter dado quase cinquenta anos de ventu-ras! Como sua madrinha, a Rainha de Savoia, merece ser santificada..."
O Imperador morreria 2 anos depois num modesto quartinho de hotel em Paris. Só quarenta anos depois, o Pres. Epitácio Pessoa revogaria o banimento de Família Imperial e ordenaria o repatriamento dos nossos queridos Imperadores, que hoje repousam na Capela Imperial da Catedral de Petrópolis, aguardando " a justiça de Deus na voz da história."
fonte: Estudos Catolicos Monarquicos
fonte: Estudos Catolicos Monarquicos
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