"Nós, os monarcas, somos incontestavelmente constantes em um mundo em constante transformação. Pelo motivo de termos estado sempre aqui, mas também por não nos envolvermos na política cotidiana. Estamos informados das mudanças políticas que acontecem em nossas sociedades, mas não fazemos comentários sobre isso. É nisso que assumimos uma posição única. Nenhum dos outros monarcas europeus interfere na política."

Margarethe II, Rainha da Dinamarca

sábado, 13 de agosto de 2011

Por um novo projeto de País


A democracia é um equilíbrio e é preciso lutar para mantê-lo sólido, robusto e, principalmente, focado na geração de resultados que atendam cada vez mais às demandas da sociedade e não aos interesses dos chamados rent seekers (ou “caçadores de renda”) alojados no setor público e na política. No caso brasileiro, com a redemocratização e a posterior aprovação do regime de eleições diretas – fatos que ocorreram há tão pouco tempo – a sociedade ganhou poder, o governo tornou-se mais transparente, o Estado aproximou-se dos cidadãos.
Mas, por que ainda persistem problemas sérios de corrupção e impunidade, ineficiência na gestão dos recursos públicos e um nível baixo de cobrança por parte da sociedade em direção aos poderes públicos? O que falta para avançar? O que já está a ocorrer e que nos serve como modelo para dar um novo passo em direção à política que queremos ver implementada no Brasil? Como mudar?
É comum, nos jornais, nos programas de televisão, nos vídeos do Youtube, nos posts do Facebook e do Twitter, nos blogs e nas opiniões daqueles que, de alguma forma, tentam se mobilizar, a presença de um sentimento de mudança com relação à política e aos políticos. Um exemplo recente é o movimento#EuVotoDistrital ww.euvotodistrital.org.br, que busca angariar assinaturas e apoio para levar o Congresso Nacional a alterar o sistema eleitoral no Brasil, de “proporcional” para “majoritário” (ou “distrital”, como é chamado no Brasil), nas eleições para deputado (federal ou estadual) e vereador. O movimento já conseguiu mais de 21 mil adeptos e sua luta é pela aproximação entre representantes e representados, pela transparência e pela capacidade de começar construir, por meio de uma maior participação da sociedade no processo político, um novo Estado e um novo Brasil.
Outra iniciativa recente é o Instituto Tellus www.tellus.org.br, que nasce com o objetivo de promover e incentivar práticas inovadoras no governo. Tenho a honra de ser cofundador do Tellus, ao lado de outros três jovens – Marina Amaral Cançado, Germano Guimarães e José Emygdio Carvalho Neto – mais um exemplo de mudança que pode começar a significar o enfrentamento deste grande “rochedo” em que se transformou o Estado brasileiro. Rochedo fechado à mudança, fechado ao novo, fechado a tudo que simplesmente signifique alteração do status quo.
O Tellus é um exemplo de como a organização de pessoas movidas pelo sentimento da construção de uma nova política pode, pouco a pouco, engendrar processos de mudança efetiva no modelo ultrapassado de instituições políticas que persiste no Brasil. Muita coisa já vem acontecendo pelo País. São milhares de ações tomadas por grupos de pessoas movidas pela necessidade de mudar, pelo ideal de construir uma nova política. O Tellus quer inspirar a sociedade apontando estas iniciativas e mostrando um caminho possível a ser seguido para inovar no setor público.
Na visão de todas essas pessoas que veem no “novo” e na “mudança” a alavanca para a mobilização da sociedade em direção à boa política, grupo no qual me incluo, há um ideal de a ser buscado. A continuidade à evolução político-institucional trazida com a redemocratização e as eleições diretas. Se, antes, havia algo a ser combatido, a ser derrotado – a ditadura, que cerceava qualquer sentimento de liberdade – hoje, a responsabilidade é maior ainda. Temos de manter as conquistas que os brasileiros obtiveram, no passado, e avançar em direção à construção de um novo Estado, de instituições abertas e efetivamente democráticas, voltadas ao interesse público.
Temos de unir a sociedade em direção à ampla reflexão sobre a coletividade e seus direitos, sobre a política e os valores morais que a rodeiam, sobre a necessidade de levar à frente um novo projeto de País. Democracia, respeito à coisa pública – a República –, combate aos chamados “estamentos estatais”, que nada mais são do que os locais de poder tomados por pequenos grupos que concedem a si próprios o direito de mandar naquilo que deveria ser de todos.
A democracia e a república são as duas asas de um Estado que se pretenda justo, transparente, livre e atento ao combate das injustiças sociais, da miséria, da corrupção.
Um novo projeto de País está nascendo e não há nada que o fará parar!
                     Autor: Felipe Salto


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