"Nós, os monarcas, somos incontestavelmente constantes em um mundo em constante transformação. Pelo motivo de termos estado sempre aqui, mas também por não nos envolvermos na política cotidiana. Estamos informados das mudanças políticas que acontecem em nossas sociedades, mas não fazemos comentários sobre isso. É nisso que assumimos uma posição única. Nenhum dos outros monarcas europeus interfere na política."

Margarethe II, Rainha da Dinamarca

domingo, 1 de janeiro de 2012

Uma presidente técnica que se apura na política

Ao completar um ano na Presidência da República, Dilma Rousseff teve 365 dias para mostrar que suas qualidades técnicas foram mais importantes que as políticas para administrar o país e fazê-lo atravessar uma crise generalizada nas chamadas nações desenvolvidas sem que seus efeitos funestos castigassem significativamente a população brasileira, como se poderá verificar a partir da página 4 da edição de Brasil Econômico, com a série de reportagens que disseca o primeiro ano da primeira mulher a assumir o posto de chefe de Estado e de governo do Brasil.


A extrema habilidade política atribuída a seus antecessores Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso – que ficaram 16 anos no poder, metade cada um – praticamente indeferia a qualquer postulante ao cargo não ter o mesmo atributo. Lula e FHC, além disso, têm carisma. Este, sobretudo, com intelectuais.


Aquele, principalmente, com a gente mais simples. Mesmo depois de eleita, Dilma padecia o estigma de só ter chegado aonde chegou por causa de Lula.


Na edição de 29/12/2011, o leitor Ricardo Lopes analisou na Seção de Cartas do Brasil Econômico por que José Serra foi derrotado nas duas eleições a presidente da República a que concorreu: “Serra foi o candidato da situação em 2002, quando a população queria mudança. E foi o candidato da mudança em 2010, quando a população queria continuação”.


Dilma foi a candidata da continuação de Lula. Herdou uma estrutura de 37 órgãos de assessoria direta com distinção de ministério, alguns chamados de secretaria mas com peso de ministério mesmo, e vários ministérios cuja função mesmo é de secretaria.


A presidente poderia valer-se da fama de “técnica” para enxugar logo de cara essa estrutura. Foi política e deixou o tempo encarregar-se de aplacar determinados ânimos, antes de promover uma reestruturação, que deve ser feita a partir de janeiro.


Foi técnico-política ao substituir ministros apanhados em maus lençóis e manteve sua fama de má quando julgou que era preciso fazer valer sua opinião, notadamente em assuntos que conhece bem, como os ligados à infraestrutura.


Para quem vaticinava que, por seu histórico de militante de esquerda, Dilma seria mais estatizante que Lula, deve ter sido uma surpresa constatar que a privatização de aeroportos, ainda que parcial, começou a ser feita em seu governo.


Técnica ou política, o que importa é que a Presidência seja exercida com a determinação de que seus atos beneficiem um conjunto cada vez maior de cidadãos brasileiros.


O que menos interessa à população é se Dilma tem um perfil mais técnico ou mais político. Sua avaliação é feita no dia a dia com as demonstrações de firmeza na condução ética do governo federal e à medida que suas decisões se transformem em bem comum.

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