"Nós, os monarcas, somos incontestavelmente constantes em um mundo em constante transformação. Pelo motivo de termos estado sempre aqui, mas também por não nos envolvermos na política cotidiana. Estamos informados das mudanças políticas que acontecem em nossas sociedades, mas não fazemos comentários sobre isso. É nisso que assumimos uma posição única. Nenhum dos outros monarcas europeus interfere na política."

Margarethe II, Rainha da Dinamarca

domingo, 26 de maio de 2013

Cinco pontos estratégicos


As lideranças políticas do Brasil têm de ser muito transparentes sobre quais são os grandes desafios estratégicos do país e oferecer à população a medida do que deve ser feito para a superá-los.

O grande momento da liderança de Churchill durante a Segunda Guerra Mundial, quando disse ao povo britânico que não tinha nada a oferecer “a não ser sangue, suor e lágrimas”, implicava a dimensão do sacrifício, do desafio. Pensemos em cinco frentes. Precisamos, antes de mais nada, saber o que queremos ser: um país mais do presente ou mais do futuro.

Se a resposta for mais do futuro, teríamos de diminuir a composição dos nossos gastos públicos e aumentar a poupança nacional – precisamos sair de 18% do PIB para algo próximo de 23% a 25%.

Esta evolução só será possível com sacrifício. Seria necessário reorientar demandas sociais e, feliz ou infelizmente, redimensionar o setor público no Brasil, o que, provavelmente, faria o país ter de conviver com uma taxa um pouco maior de desemprego estatal.Em segundo lugar, precisaríamos reorientar os tributos no Brasil para que mais recursos viessem a permanecer no âmbito dos segmentos que, de fato, constroem a riqueza: as empresas. Para fazer isso, teríamos de reposicionar, e este é o terceiro ponto, a relação capital/trabalho no Brasil. O trabalho no país é caro e também pouco produtivo – e isso não é culpa do trabalhador. Tudo essencialmente se atravanca pela malha de burocracia e impostos também em torno da atividade laboral.

Em quarto lugar, precisamos de outros mecanismos de incentivo para a internacionalização da pequena e média empresa do Brasil. Nosso país tem 200 milhões de pessoas, mas conta apenas com 10 empresas multinacionais. A Suécia é um país de 10 milhões de habitantes, com 200 empresas multinacionais.
Quanto maior o grau de internacionalização das empresas brasileiras, maior também é a competitividade.
Sendo assim, são necessários mecanismos de incentivo para o Brasil seguir essa linha de produtividade.
A quinta e mais importante condição para aplicação de recursos é a de que, em se fazendo esses sacrifícios nas áreas fiscal, pública e trabalhista, teríamos de redirecionar recursos excedentes para a pesquisa e o desenvolvimento; para ciência e tecnologia.

Precisamos inundar o Brasil com capital disponível para empreendedores tecnológicos. Só assim a produtividade no país irá aumentar porque o grau de componentes tecnológicos da economia brasileira será elevado.

Daí, pode-se perguntar: para atender a estas condições – transparência nas relações governo e sociedade, reorientação tributária e trabalhista, internacionalização das empresas brasileiras e redirecionamento de recursos excedentes para pesquisas, desenvolvimento e inovação -, haverá sacrifício? Sim, sem dúvida. As alterações demandarão sacrifício.

Mas é verdade também que os três setores nos quais o Brasil apresenta vantagens comparativas – agronegócio, biocombustíveis e petróleo em águas profundas – são capazes de nos gerar recursos excedentes para que esse sacrifício não apenas seja menor, mas também menos duradouro.

Se o Brasil fizer isso, será uma das sociedades mais dinâmicas nos próximos 30 anos. Já se não o fizer, vamos continuar como uma sociedade mediana, sempre gerando resultados abaixo do seu potencial.

Marcos Troyjo

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